Sorriso: Fazendeiro que matou engenheira tenta “derrubar” testemunha e trava julgamento

Júri de Jackson Furlan estava marcado para 27 de agosto, mas, em razão de novas provas apresentadas pelo MPE, foi adiado

Recurso do produtor rural Jackson Furlan contra uma testemunha de acusação fez com que seu julgamento, agendado para 27 de agosto, fosse adiado. Agora, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) diz que não há previsão para a nova data, uma vez que ainda há recursos pendentes protocolados pela defesa do produtor.

Jackson Furlan é acusado pela morte da engenheira agrônoma Júlia Barbosa de Souza e pela tentativa de homicídio contra o namorado dela, Vitor Giglio Brantis Fioravante, registrados em novembro de 2019.

Em julho deste ano, a juíza Emanuelle Chiaradia Navarro Mano, da 1ª Vara Criminal de Sorriso (420 km de Cuiabá), marcou o julgamento de Jackson, que deve ser submetido ao Tribunal do Júri. Inicialmente, a sessão seria realizada no dia 5 de agosto. Entretanto, o Ministério Público Estadual apresentou novas provas e uma nova testemunha, fazendo com que o júri fosse remarcado para 27 de agosto.

A defesa do produtor rural tentou, com a Justiça de Sorriso, barrar a nova testemunha do Ministério Público, arrolada no processo no dia 2 de agosto. No entanto, o pedido foi parcialmente rejeitado. A juíza acatou apenas o pedido para desentranhar do processo o depoimento da nova testemunha, mas decidiu colocá-la como testemunha do juízo na sessão de julgamento. 

Então, a defesa do produtor recorreu ao Tribunal de Justiça, onde também foi negado recurso. Conforme os advogados, o problema é que a testemunha já afirmou, durante o depoimento na Polícia Civil, que “não coaduna com a simples possibilidade de Jackson ser inocentado”. Por isso, a defesa do produtor recorreu, então, ao Superior Tribunal de Justiça.

Lá, alegou que a nova testemunha do MPE é “claramente parcial, indigno de fé, por ser sua versão unilateral já apresentada na Delegacia de Polícia Judiciária Civil local, totalmente dissociada de todo o conjunto probatório, com o fim único de tumultuar o processo e levar os jurados a decidirem em erro”.

A intenção, portanto, era que o STJ deferisse um pedido liminar para anular a decisão que manteve a testemunha no Júri. No entanto, o ministro Jesuíno Rissato, desembargador convocado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, apontou que os advogados ainda deveriam recorrer da decisão no Tribunal de Justiça, uma vez que houve apenas uma decisão monocrática.

Agora, para que seja remarcada a sessão do júri contra o empresário, deve-se aguardar a finalização dos recursos em relação à nova testemunha do Ministério Público.

O crime

Segundo o Ministério Público, o crime aconteceu na madrugada do dia 9 de novembro de 2019, quando Jackson Furlan, irritado no trânsito, sacou uma arma e atirou contra o carro do casal.

Naquela noite, conforme a denúncia, Vitor e Júlia estavam em uma caminhonete voltando para casa quando acabaram tendo que dirigir devagar em razão de um outro carro que estava à sua frente no trânsito. No entanto, Jackson estava no carro de trás e ficou irritado com a lentidão. Com isso, ele passou a perseguir o casal pelas ruas da cidade.

O namorado de Júlia relatou que, ao perceber a perseguição, tentou despistar o produtor rural. No entanto, em uma avenida da cidade, Jackson acabou reencontrando o casal e, bêbado, atirou contra a caminhonete. Júlia foi atingida na cabeça pelo tiro que entrou pelo vidro traseiro do veículo. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu durante a madrugada.

À época do crime, a mulher tinha 28 anos e estava em Mato Grosso para visitar o namorado. Ela morava no Paraná.

Fonte: Repórter MT -CAMILLA ZENI

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