Principal corredor logístico do país, a BR-163 se tornou também um problema de ‘saúde pública’, dado o grande número de acidentes fatais provocados pela falta de duplicação da via. Mas a solução para o problema pode estar mais perto do que se imagina e depende, apenas, de vontade política. Responsável pela abertura da rodovia nos anos de 1970 e duas décadas depois, por parte da sua pavimentação, o Nono Batalhão de Engenharia de Construção (9º BEC), do Exército Brasileiro, com sede em Cuiabá, está pronto para atuar na duplicação.
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“No início dos anos de 1970, o 9º BEC foi deslocado para o Mato Grosso com a missão de implantar a BR-163. Enquanto nós implantávamos a rodovia rumo ao norte, o 8º BEC saía no sentido contrário, a partir de Santarém-PA. Nós temos um histórico com a BR-163, a gente se identifica com a BR-163. Eu acredito que o Batalhão teria plenas condições de realizar pelo menos um trecho dessa duplicação”.
A afirmação é do Coronel Engenheiro Militar Carlos Alexandre Bastos de Vasconcellos, comandante do 9° Batalhão de Engenharia e Construção.
Considerando que as obras tocadas pelos batalhões de engenharia de construção do Exército são reconhecidas por sua eficiência, economia e qualidade, e ressaltando a capacidade técnica do 9° BEC, o coronel Vasconcellos considera que a duplicação da BR-163 seria um grande desafio para a sua equipe e tem certeza de que a obra seria entregue dentro das especificações técnicas de projeto e conforme o cronograma.
A estrutura do 9ª BEC possui duas companhias de engenharia de construção, uma companhia de equipamento e manutenção e uma companhia de comando e apoio, além de um estado-maior de oficiais que prestam assessoramento nas áreas de pessoal, informação, instrução, logística, comunicação social, administração e técnica. O batalhão ainda conta com cerca de 150 ativos, distribuídos entre viaturas e equipamentos, cujo valor de mercado supera R$ 50 milhões. O efetivo atual é de aproximadamente 700 integrantes, tendo homens e mulheres, civis e militares; podendo aumentar este efetivo conforme a necessidade da obra.
Atualmente, o Batalhão está empenhado na restauração e ampliação do Aeroporto Regional de Dourados, no Mato Grosso do Sul, a cerca de 920 km da sua sede em Cuiabá, onde estão sendo empregados cerca 260 militares. Os valores investidos nessa obra estão na monta de R$ 75,5 milhões.
“Quando se trata de obras de infraestrutura de grande porte, podemos terceirizar a parte da drenagem, por exemplo, enquanto o batalhão executa de forma direta a parte de terraplanagem e asfalto. As obras especiais, como pontes e passarelas, também podem ser terceirizadas dentro do nosso contrato e temos engenheiros especialistas na fiscalização delas”, explicou o comandante.
O comandante reconhece que sozinho o 9ª BEC não conseguiria duplicar todo o percurso de 485 km, da capital Cuiabá até o município de Sinop, mas assegura que, o batalhão daria conta de um trecho de até 100 km.
OBRAS PELO BRASIL
O Exército Brasileiro possui larga experiência em construção, ampliação, reforma, adaptação, reestruturação e conservação de obras em todo o território nacional, empregando as mais avançadas tecnologias da área de infraestrutura.
As duplicações da BR-101, no Nordeste, e da BR-116, no Rio Grande do Sul, são algumas das ações desenvolvidas Engenharia Militar Brasileira, que também foi empregada na obra da transposição do rio São Francisco.
Atualmente, no Exército, existem nove Batalhões de Engenharia de Construção, dois Batalhões Ferroviários, e uma Companhia de Engenharia de Construção localizada em São Gabriel da Cachoeira-AM, com capacidade para serem empregados na execução de obras públicas em todo território nacional.
“O Exército sempre vem estender a sua mão amiga quando a sociedade brasileira necessita avançar no seu desenvolvimento socioeconômico. Geralmente, somos empregados em locais inóspitos, onde as empresas privadas têm dificuldades, sobretudo logísticas. O norte de Mato Grosso tem as características que estamos preparados para enfrentar”, disse o coronel Vasconcellos.
TREINAMENTO PRÁTICO
Sendo uma unidade operacional para atuar em operações militares, o 9° BEC é uma organização militar do Exército Brasileiro com capacidade de executar obras e, no período de paz, firmar convênios com órgãos da administração pública, a fim de realizar o adestramento de sua tropa.
“Em tempos de paz, o batalhão se prepara para ser empregado na guerra, executando obras que contribuem para o desenvolvimento nacional. Isso é o tipo caso de negócio ganha-ganha. Ao mesmo tempo que a tropa se adestra para atuar em uma possível missão real de guerra, entrega-se um produto para a sociedade”, explicou o comandante.
Ele esclareceu ainda que, com as instruções e com a prática nas obras, o Exército Brasileiro consegue receber jovens do seio da sociedade e transformá-los em profissionais aptos a enfrentar o mercado de trabalho. Além disso, a execução das obras públicas permite a manutenção e a renovação da frota do batalhão.
HISTÓRICO DE PARCERIAS
Além da BR-163, o 9° BEC foi responsável pela construção dos aeroportos de Cuiabá e Campo Grande. Já realizou obras em parceria com o Incra, e ainda atuou na pavimentação da BR-070, no trecho entre as cidades de Cuiabá e Cáceres.
A pavimentação urbana na cidade de Sorriso-MT também foi realizada pelo 9° BEC em uma parceria com a prefeitura local. Ademais, as obras de pavimentação e drenagem de águas pluviais do bairro Novo Paraíso nasceram de uma parceria com a Prefeitura de Cuiabá. Na Capital, o BEC também assumiu a construção da ETA Tijucal, ação que veio para o Exército por decisão da Justiça.
A grande maioria das obras executadas em Mato Grosso tinha parceria com o Incra e com as prefeituras municipais e são consideradas obras pequenas, se comparadas com a atual obra realizada pelo batalhão na Operação Dourados.
Uma das maiores pavimentações já executadas pelo 9° BEC no Mato Grosso foi a pavimentação da BR-163 de Guarantã do Norte até o limite com o Sul do Pará, no ano de 2007.
“Naquela época, a Associação Rota 163, formada por produtores rurais de Sinop reivindicou essa obra junto ao governo federal, por meio do DNIT. Isso resultou na pavimentação de 50 km de Guarantã ao sul do Pará, na construção de cinco pontes de concreto no Pará e mais 35 km de pavimentação em Miritituba, somando mais de R$ 150 milhões”, descreveu o comandante.
Desde então, o 9° BEC acabou atuando mais no Pará e em Mato Grosso do Sul, mesmo tendo Mato Grosso como sede.
“O 9º BEC é subordinado ao 3º Grupamento de Engenharia, que é o Grande Comando de Engenharia do Comando Militar do Oeste, que abrange os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No entanto, já atuamos no Pará quando provocados. E já fizemos serviços até em Minas Gerais”, concluiu o coronel Vasconcellos.
Raphaella Padilha/Hipernotícias