A Polícia Civil indiciou o padre de 54 anos suspeito de estuprar crianças e adolescentes dentro da igreja onde trabalhava em Sinop, no norte do estado.
O relatório do inquérito policial aponta um ou mais indícios de que ele cometeu o crime. Nove pessoas foram ouvidas durante as investigações da Polícia Civil em Sinop, entre elas cinco vítimas.
Em nota, a defesa do padre Nelson coque disse que ele é inocente. O advogado Márcio de Deus disse que ainda não teve acesso ao inquérito policial e que vai se manifestar sobre o indiciamento só depois de ter conhecimento sobre todo o conteúdo.
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Uma das vítimas relata que sofreu abusos quando tinha 9 anos. Os pais dele e o padre eram amigos. Em confiança, os pais deixavam ele e o irmão mais novo na casa do padre quando participavam de festas na paróquia.
“Nesses momentos que a gente ficava lá, o padre tinha comportamentos, vamos dizer assim, brincadeiras que na época não via com malícia. Eram carícias, de ficar colocando no colo, ficar deitando e me deitando por cima, chamar para um quarto para deitar na cama. Na primeira eucaristia você tem aquela primeira confissão que você faz com um padre. Eu estava nervoso em um nível absurdo. Não conseguia falar”, disse a vítima, que não quer de identificar.
O rapaz conta que a primeira coisa que o padre perguntou durante a confissão, era se ele lembrava das “brincadeiras” feitas.
“Eu me recordei e isso me causou uma sensação terrível, uma mistura de medo e raiva. Contei para os meus pais sobre isso e não culpo muito eles, mas ficaram com medo de levar essa história para a frente, de ir em uma delegacia ou fazer alguma coisa”, relata.
O delegado que investiga crimes sexuais em Sinop, Sérgio Araújo, afirma que os relatos e as provas deixaram as suspeitas mais fortes.
“Os depoimentos são muito coerentes no sentido de confirmar a autoria dos fatos. Foram ouvidos também funcionários da igreja, entre estes outros padres. Todos achavam muito estranho essa situação envolvendo o indiciado com adolescentes que frequentavam as casas paroquiais, inclusive o dormitório do padre”, afirma.
Depois da primeira denúncia de abuso, o padre foi preso no dia 17 de fevereiro e solto quatro dias depois. Na conclusão do inquérito, a polícia afirma que há elementos para pedir nova prisão.
A Polícia Civil indiciou o padre por crimes de estupro de vulnerável, importunação sexual de adolescentes. O relatório foi encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPE), que pode pedir a nova prisão.
“Nós entendemos, por causa, das provas produzidas, inclusive após a soltura dele, que há novos requisitos para a decretação de nova prisão preventiva”, diz.
Segundo o rapaz, as notícias sobre a denúncia contra o padre Nelson Koch e o sentimento de revolta o motivaram a contar a polícia o que aconteceu com ele.
“Isso claramente me prejudicou na minha vida sexual. Com certeza, eu espero que ele pague pelo que fez”, diz.
G1 MT