Líder da greve dos caminhoneiros que parou o Brasil em 2018, Wallace Landim, o “Chorão”, criticou duramente o mega-aumento de 24,9% anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira (10/3) no preço do diesel, e afirma que não há mais condições de trabalho para a categoria.
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“A promessa de governo do presidente Jair Bolsonaro até agora não se cumpriu. E isso não é uma pauta só dos caminhoneiros. Estamos juntos com o povo para fazer o melhor para o nosso país. O Brasil vai parar automaticamente, porque não se tem mais condições de rodar”, afirma, ao Metrópoles.
Chorão se mostra surpreendido com o tamanho do aumento anunciado pela estatal. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que já dura 15 dias, desestabilizou o mercado de petróleo e levou a Petrobras a reajustar o preço dos combustíveis em um nível que não se via há muitos anos.
“É uma situação que prejudica não só os caminhoneiros, como também toda a população. Tudo que chega nas prateleiras dos mercados vai por caminhão”, diz. “A Petrobras, nesse momento, precisa dar lucro nesse momento? Qual é o papel da Petrobras? É uma empresa estratégica, mas estamos vendo uma Petrobras atendendo o mercado, os acionistas.”
Diretor-presidente do Conselho Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (CNTRC), Plínio Nestor Dias critica o Preço de Paridade de Importação (PPI) da estatal.
“A gente sabia que isso [alta do diesel] ia estourar. A revolta, a indignação, a insatisfação dos caminhoneiros está muito grande a nível nacional. Nós temos agora que ficar do lado da categoria. Se tiver que parar o país, podem contar com a gente, porque faz parte da nossa pauta”, assegura.
“Não há necessidade de termos a majoração dos nossos preços relacionados ao preço do barril de petróleo internacional”, complementa o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Ijuí-RS, Carlos Alberto Litti Dahmer.
Além do fim do PPI, Litti protesta pelo aumento da capacidade de refino e pela diminuição do lucro da Petrobras. A estatal registrou um lucro líquido de R$ 106,6 bilhões somente no ano passado. “Essas três medidas vão atender aquele fim para o qual a Petrobras foi criada, ou seja, o fim social, o fim para o povo brasileiro – e não essa política equivocada de agora, que é só dar lucro aos acionistas” afirma o dirigente sindical.
“Quem não pode correr o risco é o povo brasileiro. Risco de não conseguir abastecer, de não ter o gás de cozinha pra cozinhar e de não ter o óleo diesel pra fazer o transporte”, acrescenta Litti.
METRÓPOLES