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domingo, 24, novembro, 2024

Conselho de Ética da Câmara do Rio decide adiar decisão sobre abertura ou não de processo contra Gabriel Monteiro

Ex-funcionários do vereador carioca Gabriel Monteiro (sem partido) relataram episódios de assédio moral e sexual, agressões físicas e afirmaram que alguns de seus vídeos postados em redes sociais foram forjados.

Uma mulher o acusa de estupro e diz que o vereador chegou a usar a força, após ela ter pedido que ele não levasse adiante uma relação sexual iniciada de forma consensual.

As denúncias foram feitas em uma reportagem do Fantástico, exibida no domingo (27). A Comissão de Ética da Câmara de Vereadores disse que vai se reunir nesta terça-feira (29) para analisar as acusações e o Ministério Público abriu uma apuração.

A seguir, veja o que se sabe sobre o caso:

  1. De quem são as denúncias?
  2. Quais são as acusações?
  3. Como era o suposto assédio sexual?
  4. Por que Gabriel é acusado de estupro?
  5. Como eram as agressões físicas?
  6. Como era o assédio moral?
  7. De que forma os vídeos eram forjados?
  8. O que diz o especialista ouvido pelo Fantástico sobre os vídeos?
  9. O que diz o Ministério Público sobre o vídeo com a criança?
  10. O diz a Câmara Municipal do Rio sobre as denúncias?
  11. O que diz o vereador em sua defesa?

1. De quem são as denúncias?

As denúncias foram feitas por servidores, ex-funcionários e uma mulher que diz ter mantido relações sexuais à força com o vereador (entenda caso a caso abaixo).

2. Quais são as acusações?

Assédio moral, assédio sexual, estupro e agressões físicas.

Há ainda denúncias de cenas de vídeos forjadas no YouTube, como tiroteios ou a ajuda a uma criança carente, e de irregularidades no funcionamento de seu gabinete na Câmara Municipal.

3. Como era o suposto assédio sexual?

Beijos e abraços sem consentimento, cenas constrangedoras, carinhos “em todas as regiões do corpo”, inclusive na região genital.

Mateus Souza contou que pedia para Gabriel parar, sem sucesso. “Inúmeras vezes ele começava a fazer alguns atos, eu pedia para parar e ele não parava”. Segundo ele, o vereador pedia que ela ficasse fazendo carinho nele.

Luíza Batista foi assistente de produção de Gabriel Monteiro. “Ele me abraçava por trás, ‘te amo’, beijava o meu rosto, saía de pênis ereto. Cansou de passar a mão na minha bunda”, narrou. Ela registrou queixa na polícia por assédio sexual e importunação sexual.

Em um dos trechos é possível ver um diálogo entre Gabriel e um servidor:

  • Gabriel: “Cala a boca. Cala a boca”.
  • Renato: “Por causa do prego”.
  • Gabriel: “O prego tá aqui”.
  • Renato: “Não é assim, cara”.
  • Gabriel: “Para de falar. Te furou?”
  • Renato: “Não, mas doeu.”

Muitas vezes, eles dizem que ficaram feridos.

  • Gabriel: “Machucou?”
  • Renato: “Lógico.”
  • Gabriel: “Machucou nada.”
  • Renato: “Claro que machucou.”
  • Gabriel: “Eu bati no seu pé.”

Em resposta às acusações, Gabriel Monteiro disse que se tratava de “brincadeira e uma encenação”.

6. Como era o assédio moral?

Ex-funcionários relatam “pressão psicológica, xingamentos e humilhação” na rotina do trabalho. Dizem também que muitas vezes não podiam nem parar para o almoço.

“Muitas vezes a gente falava: ‘Gabriel, posso comer?’, e ele respondia: ‘Não, termina o vídeo aí rapidinho’. Passava duas, três, quatro horas, e ele falava: ‘Agora vamos gravar na rua’, e aí não tinha mais como comer”, contou Mateus Souza.

7. De que forma os vídeos eram forjados?

Um funcionário contou que era obrigado a cumprir expediente na casa de Gabriel, onde presenciou cenas constrangedoras. “Várias vezes ele foi na parte da frente da varanda da casa, e em outros cômodos a gente já viu também, com o órgão sexual para fora. E se vangloriando do tamanho do pênis. E mesmo se masturbando na frente de toda a equipe”, descreveu.

Mateus Souza, assessor parlamentar, afirma que Gabriel exigia carinhos “em todas as regiões do corpo”, inclusive na região genital.

4. Por que Gabriel é acusado de estupro?

Outra mulher, que não quis revelar a identidade, afirma que consentiu uma relação sexual com Gabriel, mas que o ato evoluiu para um estupro, porque ela diz que pediu para que ele parasse e ele continuou.

“Teve um momento que ele usou força. Me segurou e foi com tudo. Me deixou sem saída. Eu pedindo para ele parar, ele não respeitou o momento em que eu pedi para ele parar.”

5. Como eram as agressões físicas?

Ex-funcionários afirmam que foram expostos a tapasgolpes com pedaço de pau e tentativas de enforcamento. O material bruto de um vídeo mostra agressões e discussões durante a filmagem.

Os ex-funcionários dizem que era Gabriel que encenava e “dirigia” o que era filmado. Com ajuda de policiais militares, simulou ações de tiroteio e chamou a polícia, orientando o que seria relatado aos oficiais que chegassem.

Em outro vídeo, Gabriel é visto instruindo uma criança a dizer que está sem comida. Na versão editada, publicada em suas redes sociais, ele leva a menina ao shopping, que diz que “está comendo o que mais gosta” (veja acima).

8. O que diz o especialista ouvido pelo Fantástico sobre os vídeos?

Um especialista ouvido na reportagem diz que há diversas violações ao Estatuto da Criança e Adolescente, e que é preciso investigar as acusações de submeter a criança a vexames e constrangimento.

Uma perita analisou o material e concluiu que o material bruto e editado são “incompatíveis”.

“Várias vezes ele orienta ‘vai para lá, filma a favela’. Ele orienta como gravar, onde gravar. Orienta a posição das pessoas. Não parece realmente que ele está sob forte emoção ou numa determinada ação ou atitude ameaçadora”.

9. O que diz o Ministério Público sobre o vídeo com a criança?

Ministério Público abriu um inquérito para investigar se Gabriel Monteiro violou direitos de criança que apareceu no vídeo.

G1

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