Em Mato Grosso, além do excesso de chuva que atrapalhou a colheita da soja nesta safra, outro problema enfrentado pelo produtor – e que impactou na produtividade – foi uma anomalia na lavoura que causou tombamento da haste e apodrecimento das vagens.
O produtor rural Leandro César Rivelini, do município de Nova Maringá, relata que ao abrir as vagens é possível observar que parte dos grãos estão menores e muitas vezes podres por dentro. A lavoura também apresentou mais uma anomalia: o tombamento das hastes.
“Durante as batidas de panos, nós percebemos que ela [soja] estava um pouco sensível, frágil ao toque, e a hora que nós íamos bater não tinha flexibilidade, quebrava rente ao solo, em torno de cinco centímetros acima do solo”.
A anomalia foi encontrada em uma área de primeiro plantio de 615 hectares. O prejuízo na propriedade foi de 30% na produtividade, em relação ao que era esperado, passando de 65 para 45 sacas por hectare de média.
O problema não aconteceu apenas na lavoura de Rivelini. Outros talhões, em várias regiões do estado, também relataram a anomalia. Além disso, o excesso de chuva durante a colheita também contribui na queda da produtividade. De acordo com o vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Beber, a projeção de colheita no estado era de 39 milhões de toneladas, mas o volume não deve atingir a estimativa inicial.
“Esse ano tivemos bastante lavouras com incidência de tombamento de plantas, anomalia das vagens colhendo grãos com baixa qualidade e mais leves. Então, é um problema que está muito disseminado no estado e é impossível mensurar”, comenta.
Embrapa Soja visita lavouras
A Embrapa esteve no local e definiu uma metodologia padrão de dados para entender e buscar solução para o problema. “É possível que exista uma influência ambiental muito forte, teve muita chuva, mas, uma influência também das cultivares, ou seja, o background genético dessas cultivares. Estamos investigando, no sentido de ser algum fungo ou alguma doença, que possa causar essa anomalia”, ressaltou o pesquisador da entidade, Auster Farias.
O objetivo é concluir a pesquisa já para as próximas safras. “A gente vai coletar esses dados coletados pela Embrapa e por parceiros, avaliar e ver possíveis melhorias na metodologia. Vamos continuar avançando com ensaios de campo e de laboratório e tentando identificar eventuais patógenos e fazendo correlação com condições ambientais com essa área que a doença vem acontecendo”, finaliza.
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