O jovem, de 28 anos, que morreu engasgado com uva no começo da tarde de ontem (4), era paraplégico e já foi filmado apanhando da mãe, de 53 anos, no Residencial Jasmim, no Jardim Carioca, em Campo Grande.
Em fevereiro do ano passado, vizinhos conseguiram filmar as cenas de violência que, na ocasião, diziam ser comuns. Conforme as denúncias, o rapaz que havia ficado paraplégico após um grave acidente de motocicleta no Bairro Ana Maria do Couto, em 2018, sofria tortura.
À época, vídeo enviado ao Campo Grande News era possível ver o rapaz no chão, na área comum do condomínio, e a mulher ao lado, com um cinto na mão. Ela gritava com o filho e dizia “vem, vem, levanta. Levanta e vem logo, vou te esperar lá dentro. Vem que tô com pressa”, enquanto o jovem tentava se arrastar para perto da mãe. Assista, abaixo, ao vídeo gravado em fevereiro do ano passado.
O rapaz, que também perdeu parte da fala após o acidente, tentava se comunicar com a mãe, mas não era possível entender o que ele queria dizer. “Se vira, você não veio pra cá? Então você volta. Vamos, vamos pro banheiro” é uma das últimas frases que a mulher fala antes do vídeo acabar.
Na época, por meio de nota, a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) informou que o rapaz estava sob proteção social da Prefeitura Municipal de Campo Grande. O órgão também havia acionado a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para acompanhamento psicológico e psiquiátrico da mulher.
Hoje de manhã, uma vizinha disse que o jovem tinha voltado a morar com a mãe havia pouco mais de um 1 mês.
Caso – O rapaz acabou se engasgando quando comia uva, na tarde desta segunda-feira (4). Segundo a delegada Franciele Candotti, que atendeu a ocorrência, a mãe tentou tirar a fruta da garganta do filho e não conseguiu. O Corpo de Bombeiros e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram acionados, mas o jovem sofreu parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Conforme a delegada, a mãe sofre de distúrbio psiquiátrico e chegou ser investigada em 2020 e 2021 por brigas, difamação e lesão corporal com os vizinhos do condomínio. Os inquéritos foram relatados e encaminhados à Justiça. Em fevereiro do ano passado, a mulher voltou a ser investigada, dessa vez, por maus-tratos contra o filho e por se apropriar dos benefícios dele.
No episódio de ontem, a delegada disse que ouviu uma tia do rapaz. Ela confirmou que ele estava com dificuldade de engolir em razão da sequela do acidente. O caso foi registrado como morte a esclarecer e o inquérito foi instaurado. “Tudo indica que o rapaz morreu mesmo por engasgamento com a uva, mas dependemos do laudo necroscópico para chegar a uma conclusão”, explicou.
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