O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e abriu processo penal contra nove homems que cavaram um túnel de 30 metros para facilitar a fuga de detentos da Penitenciária Central do Estado (PCE) em Cuiabá.
Todos se tornaram réus por organização criminosa, tentativa de fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança e corrupção de menores. De acordo com a decisão publicada nesta sexta-feira (28), no Diário da Justiça, o magistrado ainda autorizou a prisão preventiva de cada um dos integrantes do grupo criminoso.
Os réus são André de Araújo Sousa, Douglas Soares de Souza, Joab de Jesus, Antonio de Sousa, Dionisia de Jesus Rodrigues, Domingos Alves da Silva, Carlos Alberto Rodrigues da Silva, Alan Kenedi Alves de Souza Barbosa e Ednei Jaime de Sousa Laurindo.
Em depoimento à Polícia Civil, todos, com exceção de Douglas e Domingos, presos relataram que haviam chegado recentemente da Região Nordeste para trabalhar no garimpo. Porém, a partir da chegada em Cuiabá, foram informados de que deveriam cavar o túnel até a unidade prisional para resgatar presos, sendo que André, Dionísia, Alan e Edinei, expressamente negaram que foram contratados para o resgate de detentos ligados à facção criminosa Comando Vermelho.
Ainda, chamou atenção a quantidade de dinheiro que André afirmou ter recebido em tão pouco tempo, isto é, R$ 17, 8 mil antes de iniciar os trabalhos, quando ainda estava no estado do Piauí, mais R$ 12 mil depois de iniciados os trabalhos, pois, não parecia ser praxe que um contratante de garimpo disponibilizasse grande quantia a título de adiantamento, a corroborar com os indícios de que os envolvidos tinham conhecimento da prática ilícita e uniram seus desígnios no interesse do grupo criminoso.
De acordo com as informações, os agentes prisionais estavam investigando uma denúncia na região quando encontraram o túnel. Ele tinha início em uma residência do bairro Jardim Industriário 1, próximo à penitenciária.
Ao chegarem à propriedade, os policiais encontraram um grupo de dez homens e duas mulheres na residência, trabalhando em diversas funções de suporte e execução para cavar o túnel em direção à unidade prisional.
Um vídeo realizado pela equipe da Polícia Civil mostra alguns dos objetos que estavam próximos ao túnel e teriam sido usados para a escavação. Segundo o levamento da GCCO, os criminosos conseguiram escavar aproximadamente 30 metros.
Ao todo foram investidos aproximadamente R$ 500 mil. Também foram apreendidos materiais usados na escavação, como pás, picaretas, entre outras ferramentas, além de cestas básicas e reservatórios de água.
De acordo com o delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, o grupo estava há 20 dias na residência, que foi alugada em nome de um mestre de obras, cooptado por uma facção criminosa e a pessoa responsável por organizar e coordenar a escavação do túnel. Todas essas informações foram coletadas em entrevistas preliminares com os suspeitos e serão apuradas no decorrer da investigação.
O grupo realizava as atividades isolado, sem sair da casa. Para isso, estocaram alimentos e água suficientes para o abastecimento dos suspeitos.
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