Setembro ainda deve ser bom mês de embarques; outubro deve ter ritmo menor e preços no BR sentem pressão de dólar e Chicago em queda
As exportações brasileiras de soja, em agosto, somaram 6,499 milhões de toneladas, de acordo com os dados divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), superando as expectativas do mercado. Além das projeções, o volume foi ainda maior do que o registrado no mesmo período de agosto de 2020, quando o país embarcou 5,84 milhões de toneladas da oleaginosa. O valor médio da tonelada foi de US$ 485,80, contra US$ 353,60 do ano passado, neste mesmo mês.
Assim, no acumulado de 2021 – de janeiro a agosto -, o Brasil já exportou 76,5 milhões de toneladas de soja, contra 74,5 milhões do mesmo período do ano passado. E não caminham bem só as exportações de soja em grão, como também de farelo e óleo, levando o volume das vendas externas do complexo soja a 90 milhões de toneladas, também maior na comparação anual, quando as exportações brasileiras somando grão, farelo e óleo de soja somavam 87,8 milhões de toneladas.
Nos primeiros oito meses de 2021, afinal, o Brasil já exportou 12,3 milhões de toneladas de farelo e 1,2 milhão de óleo, contra 12,2 milhões e 1,1 milhão do mesmo período de 2020. “Estes são níveis recordes para a soja em grão, os subprodutos e, consequentemente, o complexo soja”, explica Vlamir Brandalizze.
Ainda segundo o consultor da Brandalizze Consulting, setembro ainda deve ser um bom mês de embarques para a soja em grão, com alguns negócios já efetivados pelos produtores brasileiros. De outubro em diante, o ritmo pode perder um pouco de força, já que há poucos novos negócios se efetivando para embarques mais alongados. “Nesta semana não registramos quase nada de novos negócios”.
Na contramão, acredita que a força da demanda interna no segundo semestre – que tende a ser mais forte – deve acirrar a disputa com a soja exportada nos próximos meses, como tradicionalmente acontece. “Devemos registrar recorde na produção de ração este ano e isso vai exigir mais farelo ainda”, diz. O desempenho das exportações das principais proteínas animais segue forte e puxa o setor de alimentação animal, consequentemente o da oleaginosa e do milho.
Até fevereiro, quando a nova safra de soja começa a chegar ao mercado, o Brasil deve ter entre 26 e 27 milhões de toneladas para ser comercializadas e o foco deve continuar sendo o mercado interno. Já é possível registrar diversas regiões do Brasil onde o interior paga melhor do que a exportação, principalmente no Centro-Oeste, e este também é um movimento que deve ganhar força.
NOVOS NEGÓCIOS X NOVA SAFRA
Os novos negócios também são tímidos agora diante do foco do produtor no início da nova safra. A chegada de setembro marca o mês em que terminam os períodos de vazio sanitário nos dois maiores produtores de soja do Brasil – Mato Grosso e Paraná -, com o início dos trabalhos de campo previstos para 15 e 10 de setembro.
Mais do que isso, ainda de acordo com o consultor, “os produtores estão capitalizados neste momento”, cautelosos na observação de quais rumos o mercado tende a tomar agora.
E nos últimos dias, a combinação de baixas em Chicago e mais do dólar frente ao real também afastaram os vendedores, uma vez que os indicativos em todo o interior do país foram pressionados pela combinação. Nesta quarta-feira, as baixas chegaram a bater nos 5%, como foi o caso de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, levando a saca a R$ 152,00. Em contrapartida, em Sorriso, Mato Grosso, alta de 2,50% no disponível, para R$ 164,00 por saca.
“Com a desvalorização do dólar na última semana, o Indicador Imea para o preço disponível da soja em Mato Grosso apresentou queda de 1,78% no comparativo semanal”, informou o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) na última segunda-feira (30).
Fonte: AGÊNCIA UDOP