As forças de segurança de Mato Grosso identificaram ao menos 86 placas de caminhoneiros que participaram de manifestações, além de 70 CNPJ’s de empresas que podem ter financiando os bloqueios nas rodovias estaduais. A identificação foi feita por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no último dia 8 de novembro. Os dados reúnem fotos, levantamentos sobre os alvos e detalhes a respeito do trabalho em curso para desmobilizar as manifestações.
O documento foi divulgado pelo site SBT News e indica que atos são liderados políticos, policiais e ex-policiais, servidores públicos, sindicalistas, fazendeiros, empresários do agronegócio e donos de estandes de tiro. Eles não são acusados de crimes, mas poderão ser investigados criminalmente. As multas podem ultrapassar o valor de R$ 17 mil e gerar perda do direito de dirigir, pelo prazo de um ano.
Em Mato Grosso, o relatório foi assinado pelo delegado-geral da Polícia Judiciária civil, Mário Dermeval Aravéchia de Rezende. Na relação, enviada ao STF consta 86 placas de caminhões que estavam participando dos atos e bloqueando rodovias. A polícia também identificou o CNPJ de ao menos 70 empresas que serão investigadas.
Conforme o relatório, a PJC deveria apresentar os dados no prazo de 48h e por conta disso não teria tido tempo hábil para identificação e personalização de organizadores e financiadores dos movimentos. Porém a Diretoria de Inteligência indicou as placas e CNPJ’s de possíveis líderes. “Os monitoramentos realizados permitiram a especificação dos caminhões empregados nos eventos em tela, acompanhados da respectiva indicação de seus proprietários, tendo chamado a atenção dos analistas envolvidos a presença de alguns caminhões pertencentes à mesma pessoa física ou jurídica em idêntico local de protesto”, pontuou o delegado-geral.
No relatório constam os caminhões utilizados e seus respectivos proprietários, bem como a identificação de pessoas físicas e jurídicas que teriam auxiliado na organização e financiamento dos atos sobre os quais versam o presente relatório técnico. “Ressaltando-se que o exíguo prazo disponível para a conclusão dos trabalhos dificultou uma coleta mais ampla e precisa em relação ao que foi constatado nos locais monitorados, de forma que os dados coletados não devem ser interpretados de forma absoluta”, concluiu o relatório.
Os relatórios com base em dados colhidos nos pontos de manifestação, citam o protagonismo dos líderes, identificam os donos de veículos usados para bloquear vias e os responsáveis por alugar banheiros químicos e carros de som. Os investigadores também buscaram dados nas redes sociais, onde algumas pessoas se identificaram como lideranças ao divulgar os protestos.
Desde o resultado do segundo turno das eleições, manifestações convocadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro questionam o resultado das urnas. Concentrações mantidas nas sedes de comandos militares foram engrossados ontem no feriado de Proclamação da República. Os manifestantes defendem ações contra o Supremo e fazem pedidos de intervenção federal.
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