O vereador Reginaldo Martins Ribeiro (MDB), conhecido como “Carreirinha”, de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, e mais três pessoas foram indiciados por crimes de estelionato, receptação, ambientais, tributários e de lavagem de dinheiro, relacionado à aquisição irregular de terras públicas destinadas à reforma agrária. Parlamentar nega acusações e aponta perseguição por parte do delegado, Eric Nárcio Fantini, responsável pelo caso.
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A Polícia Civil de Brasnorte (579 km a noroeste de Cuiabá) concluiu o inquérito policial instaurado para apurar os crimes e encaminhou ao Poder Judiciário na segunda-feira (19) o indiciamento dos investigados, entre eles o vereador Reginaldo Martins.
Ao todo, segundo a Polícia Civil, os indiciados cometeram 57 crimes, sendo que dois deles, o vereador e outro investigado que se encontra fora do país, juntos tiveram a participação identificada em 55 crimes, sendo quatro crimes de receptação qualificada; um estelionato; três crimes tributários formais; dezoito crimes tributários e vinte e nove crimes de lavagem de dinheiro. O terceiro investigado foi indiciado por receptação, e o quarto envolvido responderá por receptação e estelionato.
De acordo com o delegado, as investigações iniciaram após a Delegacia de Brasnorte ser informada sobre uma organização criminosa, em que um dos integrantes seria um vereador, o qual possuía e administrava patrimônio multimilionário, incompatível com sua renda e com sua declaração pública de bens.
Segundo apurado, junto ao parlamentar, estava por trás de todas as negociações um homem, que teve a saída registrada do Brasil no ano de 2019. Durante o trabalho investigativo, 16 pessoas foram ouvidas acerca dos fatos, resultando na coleta da materialidade criminosa.
Das provas reunidas foi possível identificar as movimentações de bens dos investigados, que alcançaram o valor de mais de R$ 7,4 milhões. Sendo que mesmo com a representação pelo bloqueio de bens dos suspeitos, o vereador ainda se encontrava na posse de treze imóveis, que totalizavam o valor aproximado R$ 7 milhões.
O parlamentar e o outro suspeito também configuram como autores em crimes antecedentes de lavagem de capitais, crimes ambientais, tributários, receptação e estelionato, bem como os próprios crimes conexos comprovados nos autos, além da evidente lavagem em cadeia.
Ao ser ouvido, o vereador manteve o direito ao silêncio. Já o outro suspeito, que se encontra fora do Brasil, não respondeu as mensagens, razão pela qual entende-se que mantém seu direito ao silêncio.
Após meses de apurações, buscas, levantamentos de dados, entre outras diligências, a Polícia Civil finalizou esse trabalho com o indiciamento de vereador e o outro suspeito por crimes de receptação qualificada de lotes terras públicas destinadas à reforma agrária; estelionato ao vender lote de terras públicas como se fossem suas; crimes tributários formais ao não declarar fatos geradores de Imposto de Renda Pessoa Física; crimes tributários ao não declarar fatos geradores de ITBI e crimes de lavagem de dinheiro consistente na ocultação da propriedade e movimentação de bens.
Os outros dois acusados foram indiciados por receptação, e um deles também responderá pelo crime de estelionato. O inquérito foi encaminhado ao Judiciário e Ministério Público no dia 19 de dezembro, para andamento processual.
Outro lado
Em entrevista, o vereador Reginaldo Martins Ribeiro afirmou que está com a consciência tranquila e que o “indiciamento é mentiroso”.
“É mais perseguição do delegado, por eu ter denunciado ele em supostos crimes aqui no município. Supostos, porque não foram tramitados e julgados. Ele está vindo para o campo político porque está com raiva e quer se aproveitar do cargo pra tentar difamar. E na hora que for julgado e tramitado a população vai ver se eu sou inocente ou não”.
Em resposta as declarações do parlamentar, o delegado Eric Nárcio Fantini disse ao Primeira Página que “todas as provas colhidas foram enviadas ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, local onde o vereador poderá fazer sua defesa com as alegações que lhe convier”.
Câmara de Brasnorte
O presidente da Câmara de Brasnorte, Gilmar Celso Gonçalves, informou que recebeu cópia do inquérito contra o parlamentar e está sob análise da Casa de Leis, que oportunamente irá se manifestar sobre o caso.
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