O empresário Patrick, dono da empresa Revise Car, gravou um vídeo nas redes sociais com o vendedor de salgados que caiu de uma bicicleta na cidade de Guarantã do Norte. O vídeo viralizou nesta quarta-feira (4) e, sem o contexto, aparenta que os funcionários da empresa teriam agredido o vendedor.
No vídeo, ao lado do garoto Daniel e da mãe dele, o empresário explica que os funcionários da empresa compram constantemente salgados do garoto. O menor possui uma relação de amizade com todos funcionários. “Eu mesmo chamo Daniel de meu genro e ele de meu sogro”, citou.
Naquele dia, segundo Patrick, Daniel já havia concluído a venda de salgados no local e estava brincando com os dois funcionários antes de ir embora. Quando montou na bicicleta, o funcionário que supostamente lhe agride, estava na verdade ajudando a pegar impulso na bicicleta.
“Daniel não tinha se arrumado direito, o menino empurrou a bicicleta e ocorreu aquele acidente lá”, explicou.
Segundo o empresário, houve pedido de desculpas e o garoto perdoou os funcionários. Depois disso, ele retornou a loja em outros dias e continuou a venda de salgados.
A situação se agravou após a divulgação do vídeo. Segundo ele, as imagens foram colocadas no grupo de WhatsApp da empresa e, posteriormente, vazaram. “Quero dizer, que hoje os funcionários estão sendo ameaçados pela população. Lamentável isso”, falou.
O empresário ainda elogiou a população de Guarantã do Norte por ter se engajado em outra luta em favor da família do menor. Eles vão ajudar e apoiar a construção da casa da família.
OAB CONFIRMA AGRESSÃO E APOIA FAMÍLIA
Porém, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Macedo, compareceu com a família do garoto – que é portador do espectro autista – à delegacia. Em entrevista à imprensa local, ele negou que o caso se tratava de uma brincadeira.
“A criança afirma que, infelizmente, o que aconteceu não foi uma brincadeira. A mãe da criança relatou isso, que a criança afirmou diversas vezes que não foi uma brincadeira”, explicou.
Segundo Macedo, a família falou que foi forçada a gravar o vídeo ao lado do dono da empresa. Ele ainda criticou a exposição da criança nas redes sociais.
“A mãe disse que não queria gravar aquele vídeo, isso levou ela a procurar a polícia. A Polícia Civil procurou ela ontem, antes da gravação do vídeo, ela disse que não ia procurar a polícia. Mas após a divulgação desse vídeo, ela decidiu procurar a polícia”, contou.
O membro da OAB ainda rebateu o empresário, que disse que o crime cometido foi o vazamento do vídeo, que viralizou em todo Estado. “Quem divulgou o vídeo é quem denunciou essa agressão. Quem divulgou merece uma medalha, porque denunciou uma violência contra uma criança do espectro autista, um ato de covardia”, colocou.
O advogado afirmou que, além do apoio jurídico, a Comissão de Direitos Humanos da OAB vai fornecer apoio posicológico ao garoto e à família. Ele ainda pediu que a população não promova atos contra a empresa e os funcionários envolvidos.
“A Polícia já vai apurar os fatos. Quem estiver revoltado e quiser fazer alguma coisa, doe uma cesta básica, medicamentos para o garoto é é portador do espectro autista. Muitas outras coisas podem ser feitas para fazer o bem. A violência não vai levar o bem para ninguém”, continuou.
J1 AGORA