O produtor de soja de Mato Grosso – assim como de todo o país – pagou caro para instalar a safra 2022/23. Os custos de produção foram os mais altos da história, de acordo com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). A boa notícia é que a temporada 2023/24 tende a ser menos onerosa quando o assunto são os principais insumos da lavoura: sementes e fertilizantes. Contudo, a projeção é que outros produtos aumentem de preço.
As informações foram levantadas pelo Projeto Soja Brasil com base no relatório mensal de Custos de Produção da Soja Transgênica, do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado nesta segunda-feira (27).
O estudo, que compara janeiro deste ano com a estimativa para o mesmo mês de 2024 para o estado líder em produção da oleaginosa, mostra que a semente pode ter redução média superior a 15% no período. Assim, parte de R$ 783,46 para R$ 665,06 por hectare.
Quanto aos fertilizantes e corretivos, a queda nos custos tende a ser ainda mais acentuada, de 19,4%. Com isso, saem de R$ 2.417,29 para R$ 1.946,91 a cada hectare aplicado. Outros elementos que podem aliviar o bolso do produtor estão relacionados à pós-produção da soja: a classificação e o beneficiamento caem 17,5% (de R$ 68,18 para R$ 56,22); e a armazenagem decresce ainda mais: 43,7%, indo de R$ 26,84 para R$ 15,10. Os valores têm o hectare produzido como referência.
Dados preliminares
O analista da consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, pondera que os números do Imea são muito preliminares, visto que o Brasil ainda está no meio da colheita da safra 22/23.
“Dados mais recentes de preço de soja naturalmente trazem preços mais baixos para as sementes do que o registrado há alguns meses. Isso porque o mercado está pressionado com a entrada da safra brasileira atual, que será grande”.
Segundo ele, em relação aos fertilizantes, desde o segundo semestre do ano passado os preços já vinham caindo para alguns desses insumos após uma grande elevação ante 2021/22.
O que aumenta de preço?
O sojicultor é resiliente e sabe que, de uma forma ou de outra, terá de investir alto para obter uma lavoura produtiva. Dito isso, não é surpresa que determinados insumos aumentem. Nesta linha, o relatório do Imea aponta dois principais vilões: os defensivos e o transporte da produção.
Quanto aos agroquímicos, o acréscimo gira em 17,3%. Assim, os R$ 1.373,00 suficientes para aplicar em cada hectare nas plantas de soja mato-grossenses passarão a custar R$ 1.611,23. Os que devem apresentar as maiores altas são os adjuvantes e herbicidas, com incrementos previstos em 42,7% e 40,9%, respectivamente. Por outro lado, os fungicidas tendem a encarecer menos (2,4%).
A respeito do transporte da soja produzida, a alta prevista entre janeiro deste ano e o primeiro mês de 2024 é de 46,9%. Com isso, parte de R$ 82,39 para R$ 121,10 a cada hectare.
Levando tudo em conta, os custos operacionais totais – sem considerar os custos de oportunidade – devem apresentar elevação de 2% entre uma safra e outra. Isso quer dizer que cada hectare de soja produzido em Mato Grosso em 23/24 sairá, em média, por R$ 6.693,34.
Quando os custos da soja podem baixar?
Os dados do Imea, referentes a janeiro deste ano, levam em conta o dólar mais alto, girando em torno de R$ 5,20. Roque, da Safras & Mercado, avalia que o agricultor apenas terá uma queda significativa nos custos de produção na próxima safra se o câmbio estiver mais baixo em um futuro próximo.
“Sem esse componente, não vejo como o sojicultor poderá pagar menos para instalar sua lavoura em 2023/24”, afirma.
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