Um dos aplicativos, é chamado de Litmatch que vêm ganhando o público de crianças entre 6 a 14 anos. Os pais mencionam que crianças outras “crianças” fazem perguntas do tipo “você é safada?”, e enviam fotos dos órgãos genitais e pedem em troca fotos peladas, e que são possivelmente utilizados contas fakes para que pedófilos possam usar a plataforma se passando por crianças.
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O site Nortão MT alerta esse tipo de ação e pede para que os pais redobrem os cuidados e que se perceberem algo relacionado a esses relatos para que entrem em contato imediatamente com a Policia Judiciária Civil.
Recentemente outro aplicativo, “Likee: a rede social ‘moda’ entre crianças que virou alvo de pedófilos”.
“Linda”, “mora onde?”, “delícia”.
Não é difícil encontrar comentários como esses em vídeos de meninas de 12, 13 anos na rede social Likee.
Por trás das mensagens, perfis de homens adultos e idosos ou sem fotos e nome.
Muito parecido com o TikTok e desconhecido por grande parte dos pais, o Likee se tornou, ao mesmo tempo, um “refúgio” para crianças se divertirem com filtros divertidos e músicas e um terreno fértil para aproximações suspeitas de desconhecidos.
Assustadas com o que viram no celular das filhas, familiares — especialmente mães em grupos de mulheres — estão usando as redes sociais e lojas de aplicativos para fazer alertas.
“Tomem cuidado com as crianças. Está cheio de pedófilos fazendo comentários nojentos. É aterrorizante”, escreveu uma usuária.
Na plataforma, uma busca rápida pelo termo “pedófilo” leva a centenas de vídeos das próprias crianças reclamando: “Parem pedófilos de me chamar de gostosa, que quer me namorar, me sinto mal”, escreveu uma adolescente.
O Likee permite que você visualize vídeos de outras pessoas mesmo sem segui-las, e vice-versa, de acordo com o algoritmo. Ao fazer uma conta, ela é pública e visível a todos — mas há opção de desativar comentários e mensagens privadas de estranhos caso as crianças alterem nas configurações.
O que é crime?
A maioria dos casos se resume a comentários em vídeos públicos.
A BBC News Brasil conversou com outras duas mães e uma irmã de meninas usuárias do Likee que usaram as redes sociais para denunciar “comentários de pedófilos”.
A estudante Luana*, 21 anos, sempre observava a irmã, de 11, gravando vídeos em casa, em Goiás.
Os vídeos para o Likee, assim como o TikTok, são curtos e em geral são de dublagens da músicas que se destacam nas paradas no momento. A interface, inclusive, é muito parecida com a do principal rival.
Como a irmã passava muito tempo conectada no aplicativo, Luana resolveu pegar o celular para ver as curtidas e os comentários.
“Eram tantos comentários como ‘linda’, ‘gostosa’, ‘vou ter que roubar para mim’… Eu fiquei perplexa com a quantidade, tanto no dela, como nos vídeos de outras mocinhas. Os pais quase nunca sabem”, relata.
Após a descoberta, Luana ativou a configuração “controle dos pais” para administrar o perfil da irmã.
A opção foi incluída pelo Likee no final de 2019. Com ela ativada, pais podem acessar o aplicativo no próprio celular, podem deixar algum conteúdo postado como “privado”, e a opção de mensagens privadas com desconhecidos é bloqueada.
Juliana Cunha explica que, no caso da plataforma Safernet, referência no Brasil em combate a crimes na internet, uma denúncia precisa estar relacionada à pornografia infantil. Ou seja, é preciso que haja imagens ou URLs levando ao conteúdo envolvendo nudez e sexo com menor de idade, que são compartilhadas com órgãos de investigação como o Ministério Público.
“Para uma investigação de pornografia infantil, é insuficiente um comentário num vídeo como ‘linda'”, explica,
Porém, a depender do diálogo feito com vítima (como no caso de o abusador enviar uma foto nude ou fazer uma ameaça, por exemplo), isso pode se caracterizar como crime de aliciamento de menor.
Nesses casos, é indicado que as famílias das vítimas procurem uma delegacia especializada no combate de crimes contra crianças e adolescentes.
“Esses agressores sabem que estão atuando nesse universo que não é tipificado em lei. Não há fronteira clara do que é crime ou não. Por isso, nessa zona cinzenta, dependemos muito da própria plataforma em remover usuários denunciados, comentários”, explica Cunha.
A especialista reforça que pais mantenham uma conversa com os filhos sobre o uso de redes sociais e saibam o que eles estão fazendo. “Se na vida real, você não deixaria seu filho sem supervisão num local público, também não deveria deixar na internet. É preciso saber se o filho é maduro para aquele tipo de ambiente, se sabe bloquear, se sabe denunciar…”.
Em nota, o Likee disse que “usuários são bem-vindos para entrar em contato e relatar conteúdos problemáticos nos canais oficiais, para que possamos manter um ambiente online seguro junto. Encorajamos pais e responsáveis de usuários jovens a ter um papel ativo na educação sobre o uso de redes sociais e, em geral, da internet”. O email para contato é [email protected].
Nortão MT com BBC