Em um cenário de intensa tensão e protestos, o município de Itanhangá vivencia um dos capítulos mais conturbados de sua história. Na última quarta-feira (24/07), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em parceria com a Polícia Federal, deflagrou uma operação de reintegração de posse em uma área de 115.035 hectares, destinada à reforma agrária há mais de duas décadas.
A decisão judicial, baseada em investigações que apontam para a prática de grilagem e outros crimes, determinou a desocupação das terras por parte de aproximadamente 880 famílias de assentados. A medida, no entanto, gerou revolta e indignação entre os ocupantes, que alegam ter trabalhado incansavelmente para transformar a área em terras produtivas.
“Nós dedicamos nossas vidas a esse lugar. Abrimos a terra, plantamos e criamos nossas famílias aqui. É como se estivessem arrancando um pedaço de nós”, desabafa o assentado, que reside no local há 15 anos.
A ação do INCRA, embora respaldada pela justiça, tem sido alvo de críticas por parte da comunidade local e de organizações da sociedade civil. A população de Itanhangá questiona a forma como o processo está sendo conduzido e denuncia a falta de diálogo por parte das autoridades.
Nas redes sociais, a revolta se intensificou após a divulgação de um vídeo que mostra o sorteio das terras para novas famílias da reforma agrária. A imagem, que compara o processo a um sorteio de doces, gerou indignação entre os antigos ocupantes, que se sentem desrespeitados e abandonados pelo poder público.
A Procuradoria-Geral Federal e a Advocacia Geral da União (AGU) justificam a ação com base nas investigações que revelaram irregularidades e crimes. No entanto, para os assentados e a população local, os fatos apurados são considerados uma distorção da realidade. “Quem viveu aqui sabe o quanto sofremos para construir tudo isso”.
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