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Mato Grosso
quinta-feira, 9, janeiro, 2025

Sucuri grávida morre atropelada em rodovia de Mato Grosso; cerca de 40 filhotes são expelidos

Uma sucuri-verde (Eunectes murinus) de aproximadamente 5 metros de comprimento morreu após ser atropelada na MT-338, em Porto dos Gaúchos, na manhã desta segunda-feira (6). O impacto fez com que cerca de 40 filhotes fossem expelidos do corpo do animal. Infelizmente, nem a sucuri nem os filhotes sobreviveram.

O pescador e youtuber Ederson Negri Antonioli registrou o incidente e relatou ao g1 que, ao chegar ao local, partes do corpo da cobra ainda se moviam. As imagens feitas por ele mostram a cobra morta no meio da estrada, rodeada pelos filhotes.

Comportamento natural das sucuris

O biólogo Henrique Abrahão Charles explicou que acidentes como esse são comuns em Mato Grosso, pois as sucuris, como outros répteis, dependem de fontes externas de calor para regular a temperatura corporal. “Elas costumam procurar áreas aquecidas, como a beira de estradas, para aumentar o metabolismo, especialmente após se alimentarem. Nesse processo, acabam sendo atropeladas por veículos”, detalhou.

Henrique ressaltou que a sucuri-verde é vivípara, ou seja, desenvolve seus filhotes dentro do corpo em vez de botar ovos. A cobra atropelada estava na reta final da gestação e próxima de dar à luz. Embora a ninhada de 40 filhotes seja grande, apenas cerca de 5% normalmente sobrevivem até a idade adulta, devido a predadores e outros fatores.

“O impacto foi fatal tanto para a mãe quanto para os filhotes. Em alguns casos, se o atropelamento não fosse tão violento, os filhotes poderiam ter saído vivos, mas as chances de sobrevivência seriam mínimas”, afirmou o biólogo.

Atropelamentos e desequilíbrio ambiental

Henrique também destacou que o atropelamento de animais silvestres nas rodovias do estado evidencia um grave desequilíbrio ambiental. Ele explicou que milhões de animais são mortos anualmente em estradas que cruzam áreas naturais sem infraestrutura para proteger a fauna.

“Muitas rodovias de Mato Grosso, como a MT-338, não possuem barreiras ou passagens específicas para conter a movimentação dos animais. Isso resulta em tragédias diárias, incluindo a morte de espécies ameaçadas, como a onça-pintada”, alertou o biólogo.

Além disso, ele apontou o impacto ecológico da perda de predadores naturais, como as cobras. Segundo um cálculo linear feito por Henrique, a ausência de uma única sucuri adulta ao longo de 20 anos pode levar à proliferação de até 1 milhão de roedores, desequilibrando a cadeia alimentar local.

O caso da sucuri atropelada reforça a urgência de iniciativas para proteger a fauna nas rodovias, como instalação de passagens subterrâneas para animais, sinalização adequada e conscientização dos motoristas sobre os perigos de atropelamentos de animais silvestres.

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NORTÃO MT COM INFORMAÇÕES DO G1 MT

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