A emancipação de Boa Esperança do Norte, último município criado em Mato Grosso e no Brasil, pode não ter sido muito boa para os comerciantes locais. Ao menos é o que alega um posto de combustível, localizado no município, em seu pedido de recuperação judicial.
Desapropriação de terras, mudanças no planejamento urbano e desvio de rotas, com consequente impacto no fluxo de clientes e declínio no faturamento, foram algumas das razões dadas pela empresa Vergílio Zanella & Cia Ltda – Posto Palmito para justificar o pedido de recuperação judicial.
A juíza Giovana Pasqual de Mello, da 4ª Vara Cível de Sinop, deferiu, na última semana, o pedido de recuperação judicial do posto, cujo valor chega 3.357.833,95. Entre os credores estão Banco Volkswagem, Banco do Brasil, cooperativas de créditos e revendedoras de combustível.
A empresa Vergílio Zanella & Cia Ltda – Posto Palmito apontou que “enfrentou diversas adversidades econômicas, como crises no setor petroleiro, perda de base de clientes, devido à desapropriação de terras e impactos da pandemia de COVID-19 e que diversos dos investimentos realizados na infraestrutura e na ampliação do negócio não renderam os resultados esperados, agravando as dificuldades financeiras. Além disso, sustentou que houve declínio no faturamento, devido a mudanças no planejamento urbano e desvio de rotas que impactaram o fluxo de clientes”.
Também enfatizou que tem a “possibilidade de soerguimento e manutenção da fonte produtiva”, além de cumprir os requisitos legais para o processamento da recuperação judicial, alguns dos fatores que fizeram a recuperação ser deferida.
Agora, a partir da publicação do deferimento da recuperação no Diário de Justiça Eletrônico, os credores têm o prazo de 15 dias para apresentarem suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.
Emancipação
Boa Esperança do Norte se tornou, oficialmente, o 142º município de Mato Grosso depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro de 2023. A cidade era um distrito de Sorriso (420 km de Cuiabá) e foi criada anexando 20% da area da cidade mãe e mais 360 mil hectares de Nova Ubiratã, totalizando 450 mil hectares de área territorial.
A discussão sobre a emancipação do distrito já durava 23 anos, foi parar na Justiça porque Nova Ubiratã não aceitava ceder uma parte de seu território para o novo município, até a decisão do STF em 2023.
O município conta com uma população local de 7 mil habitantes, que escolheu seu primeiro prefeito nas Eleições Municipais de 2024. A cidade é uma grande produtora de grãos, com mais de 700 mil toneladas cultivadas. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), destaca, ainda, que Boa Esperança do Norte conta com cerca de 400 empresas, entre microempresas, MEIs e grandes empresas.
