
Pela primeira vez, a China importou 11,14 milhões de toneladas de soja do Brasil em um único mês, o maior volume já registrado para o período. O número representa um crescimento expressivo de 122,67% em relação a fevereiro e de 23,97% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Entre os fatores que sustentam esse desempenho inédito, está o papel central desempenhado por Mato Grosso.
O estado, maior produtor de soja do país, foi responsável por 2,81 milhões de toneladas exportadas em março, o que corresponde a mais de um quarto do total nacional. O volume consolida Mato Grosso como protagonista nesse avanço e reforça sua relevância estratégica tanto para a economia brasileira, quanto para o abastecimento global.
O cenário internacional também tem favorecido a competitividade do grão brasileiro. Com os Estados Unidos exportando 1,80 milhão de toneladas para o país asiático no mesmo período, o Brasil ampliou sua vantagem como principal fornecedor da China. Apesar do aumento pontual nas compras americanas, de 2,22% em relação a março de 2024, os efeitos do atual conflito tarifário entre EUA e China ainda não se manifestaram plenamente, mas devem se intensificar na próxima safra. A exclusão da China de uma recente suspensão temporária de tarifas comerciais por parte do governo norte-americano elevou as tensões entre os dois países, abrindo espaço para que o Brasil amplie ainda mais sua presença no mercado chinês.
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Internamente, a valorização do dólar frente ao real foi outro fator que impulsionou a soja brasileira. No entanto, a constante oscilação do câmbio tem gerado insegurança tanto para produtores quanto para compradores. Como o valor do dólar influencia diretamente o preço da soja, muitos preferem adiar as negociações no mercado spot, aquele em que a entrega do produto é imediata, na expectativa de uma maior estabilidade cambial que permita fechar negócios com mais segurança e melhores margens de lucro.
Apesar dessa cautela, as expectativas para abril são igualmente otimistas. A balança comercial brasileira já aponta um ritmo médio diário de embarques 110,24 mil toneladas superior ao registrado no mesmo período de abril do ano passado, o que indica que o país deverá manter o ritmo acelerado de exportações, principalmente para a China.
O momento positivo também se reflete nas projeções da próxima safra. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), para a safra 2025/26, que será plantada a partir de setembro, os produtores brasileiros já venderam, até março deste ano, 8,10% da produção esperada. O número representa um avanço significativo em comparação com fevereiro, quando o percentual comercializado era de 4,93%, revelando um aumento de 3,17 pontos percentuais em apenas um mês.
Por enquanto, o Brasil mantém posição de destaque no comércio global de soja, com Mato Grosso liderando as exportações. O desafio agora é manter o ritmo, mesmo diante das incertezas cambiais e das tensões internacionais que ainda podem impactar o mercado nos próximos meses.
ESTADÃO MATO GROSSO