O desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, afirmou que a estimativa é de que haja 30 mil pessoas – entre detentos e familiares – no Estado ligadas a alguma facção criminosa.
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Por isso, segundo o desembargador, seria importante a classificação de presos já na entrada do sistema penitenciário entre faccionados e não faccionados. Assim, o aliciamento seria menor, já que, para Perri, muitos se “batizam” para sobreviver nas penitenciárias.
“As condições precárias do sistema prisional têm propiciado o crescimento de jovens nas facções criminosas. Hoje, no Brasil, o défict de vagas propicia exatamente esse alistamento. Como não podemos, em razão da deficiência de vagas, fazer a classificação dos presos, há um alistamento muito grande das organizações criminosas. O que acontece até para que o preso possa sobreviver dentro do sistema prisional”, disse o desembargador.
“É claro que isso tem um custo. Porque quando um preso se alista a uma organização criminosa, ele arrasta toda a família dele. Não por outra razão, estima-se que no Estado de Mato Grosso temos mais de 30 mil pessoas faccionadas, entre presos e familiares”, completou.
O desembargador é supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo de Mato Grosso (GMF) e concedeu uma entrevista coletiva na segunda-feira (22) para apresentar um levantamento sobre os presídios.
O grupo foi criado em 2019, e à época o sistema prisional era caótico: eram mais de 12,5 mil presos em 6,3 mil vagas. O déficit de vagas em Mato Grosso atualmente é de quase 900.
Por conta desse histórico, mulheres que eram namoradas ou esposas de faccionados acabaram se inserindo nos grupos criminosos após aliciamento dos companheiros. Perri estima que 90% dessas mulheres são presas por tráfico de drogas, cujos mandantes são líderes de facções.
“Porque quando alguém dentro do sistema prisional se alista dentro de uma organização criminosa, ele também alista toda a família dele. Não por outras razões, o maior número de presas que temos são exatamente de maridos faccionados. Que tiveram que cumprir obrigações para a organização criminosa”, afirmou.
“Mais 90% das presas estão recolhidas por tráfico de drogas, porque foram muitas vezes coagidas a levar drogas para outro Estado. Então, precisamos cuidar da ressocialização”, completou.
Presídios
Desde a criação do GMF, em 2019, Perri apontou que houve um investimento na criação de vagas e até na abertura de oportunidades para os detentos em relação a empregos e até educação.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), a maior unidade de Mato Grosso, a Penitenciária Central de Cuiabá (PCE) que fica em Cuiabá, tem 2.450 presos e 2.266 vagas, um déficit de 184. Esse déficit, no entanto, já chegou a 1.800.
“Vimos uma melhora das condições das cadeias, de 2019 para cá. Dentro de pouco tempo teremos condições dignas para os nossos presos cumprirem suas penas”, afirmou.
MIDIA NEWS