Ex-funcionários do vereador carioca Gabriel Monteiro (sem partido) relataram episódios de assédio moral e sexual, agressões físicas e afirmaram que alguns de seus vídeos postados em redes sociais foram forjados.
Uma mulher o acusa de estupro e diz que o vereador chegou a usar a força, após ela ter pedido que ele não levasse adiante uma relação sexual iniciada de forma consensual.
As denúncias foram feitas em uma reportagem do Fantástico, exibida no domingo (27). A Comissão de Ética da Câmara de Vereadores disse que vai se reunir nesta terça-feira (29) para analisar as acusações e o Ministério Público abriu uma apuração.
A seguir, veja o que se sabe sobre o caso:
- De quem são as denúncias?
- Quais são as acusações?
- Como era o suposto assédio sexual?
- Por que Gabriel é acusado de estupro?
- Como eram as agressões físicas?
- Como era o assédio moral?
- De que forma os vídeos eram forjados?
- O que diz o especialista ouvido pelo Fantástico sobre os vídeos?
- O que diz o Ministério Público sobre o vídeo com a criança?
- O diz a Câmara Municipal do Rio sobre as denúncias?
- O que diz o vereador em sua defesa?
1. De quem são as denúncias?
As denúncias foram feitas por servidores, ex-funcionários e uma mulher que diz ter mantido relações sexuais à força com o vereador (entenda caso a caso abaixo).
2. Quais são as acusações?
Assédio moral, assédio sexual, estupro e agressões físicas.
Há ainda denúncias de cenas de vídeos forjadas no YouTube, como tiroteios ou a ajuda a uma criança carente, e de irregularidades no funcionamento de seu gabinete na Câmara Municipal.
3. Como era o suposto assédio sexual?
Beijos e abraços sem consentimento, cenas constrangedoras, carinhos “em todas as regiões do corpo”, inclusive na região genital.
Mateus Souza contou que pedia para Gabriel parar, sem sucesso. “Inúmeras vezes ele começava a fazer alguns atos, eu pedia para parar e ele não parava”. Segundo ele, o vereador pedia que ela ficasse fazendo carinho nele.
Luíza Batista foi assistente de produção de Gabriel Monteiro. “Ele me abraçava por trás, ‘te amo’, beijava o meu rosto, saía de pênis ereto. Cansou de passar a mão na minha bunda”, narrou. Ela registrou queixa na polícia por assédio sexual e importunação sexual.
Em um dos trechos é possível ver um diálogo entre Gabriel e um servidor:
- Gabriel: “Cala a boca. Cala a boca”.
- Renato: “Por causa do prego”.
- Gabriel: “O prego tá aqui”.
- Renato: “Não é assim, cara”.
- Gabriel: “Para de falar. Te furou?”
- Renato: “Não, mas doeu.”
Muitas vezes, eles dizem que ficaram feridos.
- Gabriel: “Machucou?”
- Renato: “Lógico.”
- Gabriel: “Machucou nada.”
- Renato: “Claro que machucou.”
- Gabriel: “Eu bati no seu pé.”
Em resposta às acusações, Gabriel Monteiro disse que se tratava de “brincadeira e uma encenação”.
6. Como era o assédio moral?
Ex-funcionários relatam “pressão psicológica, xingamentos e humilhação” na rotina do trabalho. Dizem também que muitas vezes não podiam nem parar para o almoço.
“Muitas vezes a gente falava: ‘Gabriel, posso comer?’, e ele respondia: ‘Não, termina o vídeo aí rapidinho’. Passava duas, três, quatro horas, e ele falava: ‘Agora vamos gravar na rua’, e aí não tinha mais como comer”, contou Mateus Souza.
7. De que forma os vídeos eram forjados?
Um funcionário contou que era obrigado a cumprir expediente na casa de Gabriel, onde presenciou cenas constrangedoras. “Várias vezes ele foi na parte da frente da varanda da casa, e em outros cômodos a gente já viu também, com o órgão sexual para fora. E se vangloriando do tamanho do pênis. E mesmo se masturbando na frente de toda a equipe”, descreveu.
Mateus Souza, assessor parlamentar, afirma que Gabriel exigia carinhos “em todas as regiões do corpo”, inclusive na região genital.
4. Por que Gabriel é acusado de estupro?
Outra mulher, que não quis revelar a identidade, afirma que consentiu uma relação sexual com Gabriel, mas que o ato evoluiu para um estupro, porque ela diz que pediu para que ele parasse e ele continuou.
“Teve um momento que ele usou força. Me segurou e foi com tudo. Me deixou sem saída. Eu pedindo para ele parar, ele não respeitou o momento em que eu pedi para ele parar.”
5. Como eram as agressões físicas?
Ex-funcionários afirmam que foram expostos a tapas, golpes com pedaço de pau e tentativas de enforcamento. O material bruto de um vídeo mostra agressões e discussões durante a filmagem.
Os ex-funcionários dizem que era Gabriel que encenava e “dirigia” o que era filmado. Com ajuda de policiais militares, simulou ações de tiroteio e chamou a polícia, orientando o que seria relatado aos oficiais que chegassem.
Em outro vídeo, Gabriel é visto instruindo uma criança a dizer que está sem comida. Na versão editada, publicada em suas redes sociais, ele leva a menina ao shopping, que diz que “está comendo o que mais gosta” (veja acima).
8. O que diz o especialista ouvido pelo Fantástico sobre os vídeos?
Um especialista ouvido na reportagem diz que há diversas violações ao Estatuto da Criança e Adolescente, e que é preciso investigar as acusações de submeter a criança a vexames e constrangimento.
Uma perita analisou o material e concluiu que o material bruto e editado são “incompatíveis”.
“Várias vezes ele orienta ‘vai para lá, filma a favela’. Ele orienta como gravar, onde gravar. Orienta a posição das pessoas. Não parece realmente que ele está sob forte emoção ou numa determinada ação ou atitude ameaçadora”.
9. O que diz o Ministério Público sobre o vídeo com a criança?
O Ministério Público abriu um inquérito para investigar se Gabriel Monteiro violou direitos de criança que apareceu no vídeo.
G1