O gigante francês de laticínios, Danone, anunciou recentemente que interrompeu a compra de soja do Brasil e passou a obter o grão exclusivamente de países asiáticos. A decisão foi confirmada pelo diretor financeiro da empresa, Jurgen Esser, como parte de uma preparação para atender ao novo Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), que impõe exigências ambientais rigorosas sobre a origem de commodities importadas, como soja, cacau e café.
Nova Legislação e Mudanças no Mercado Global
O EUDR, previsto para entrar em vigor em 30 de dezembro de 2024, visa combater o desmatamento e a degradação ambiental ao exigir que as empresas europeias comprovem que não utilizam produtos oriundos de áreas recentemente desmatadas. As penalidades para o não cumprimento incluem multas de até 20% do faturamento anual das empresas envolvidas. Essa medida afeta diretamente empresas globais como Danone, Nestlé e Unilever, que têm se empenhado em ajustar suas cadeias de suprimento para atender aos requisitos e evitar sanções.
Embora o início oficial do EUDR estivesse programado para o final de 2024, a Comissão Europeia sugeriu um adiamento de 12 meses, dando às empresas um prazo adicional para se adequarem. Entretanto, a Danone já iniciou a mudança, antecipando a regulamentação e adotando fornecedores de soja asiáticos como alternativa ao Brasil.
A Reestruturação da Cadeia de Suprimentos da Danone
Em 2023, a Danone utilizou aproximadamente 262.000 toneladas de produtos à base de soja para alimentação animal e 53.000 toneladas de soja na fabricação de produtos como leite e iogurte de soja. A soja brasileira, porém, era usada pela empresa apenas de forma indireta, para a ração animal de suas criações, mas foi gradativamente eliminada.
De acordo com Esser, a Danone já implementou um sistema de rastreamento que, segundo ele, garante o uso exclusivo de ingredientes sustentáveis em suas operações. A mudança para fornecedores asiáticos foi parte dessa política e, embora Esser não tenha especificado os países asiáticos fornecedores, afirmou que a empresa está comprometida em evitar soja de áreas de risco ambiental.
Repercussão e Boicote no Brasil
A decisão da Danone de suspender a compra de soja brasileira gerou reações imediatas nas redes sociais, com muitos consumidores brasileiros propondo um boicote aos produtos da marca. Argumenta-se que a medida prejudica economicamente o setor agrícola brasileiro e, para alguns, a empresa parece estar “culpabilizando” o Brasil pela questão do desmatamento, ao invés de buscar soluções conjuntas para reduzir o impacto ambiental.
O Brasil, como um dos maiores produtores e exportadores de soja do mundo, enfrenta críticas ambientais, mas também reivindica que grande parte da produção segue práticas sustentáveis e regulamentadas. O posicionamento da Danone é visto por muitos como um ataque direto ao país, alimentando ainda mais a polarização em torno de questões ambientais e econômicas.
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A Importância da Sustentabilidade para o Futuro do Comércio Internacional
A Danone, em seu relatório florestal de 2023, destacou que a soja representa apenas cerca de 5% da alimentação das vacas leiteiras, que se alimentam majoritariamente de capim e grãos. Assim, para a empresa, essa mudança é uma pequena alteração na cadeia de produção, mas que tem um valor simbólico e estratégico importante, com o objetivo de se alinhar aos padrões ambientais cada vez mais exigentes.
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