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terça-feira, 26, novembro, 2024

Fantástico rastreia três cargas de madeira ilegal e mostra esquema criminoso que ”esquenta” madeira nobre; Sorriso está no destaque

O Fantástico, da TV Globo, mostrou neste domingo (04) detalhes de um esquema de exploração criminosa de madeiras nobres brasileiras em áreas de conservação de Mato Grosso.

De acordo com a reportagem dos jornalistas Sônia Bridi, Paulo Zero, James Alberti e Junior Alves, tudo começa em uma área de manejo florestal, onde a exploração de madeira pode ser feita, desde que o dono da terra tenha um plano detalhado e aprovado pelo órgão ambiental.

Cada árvore tem um número de identificação. Assim é produzida a madeira certificada e legalizada. No entanto, algumas árvores que nunca estiveram ali, são declaradas.

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Um dos casos está em Nova Bandeirantes (1.026 Km de Cuiabá). Lá, agentes do Ibama fiscalizam árvores cadastradas no plano de manejo, mas que não foram encontradas na mata, como um Ipê. De acordo com a reportagem, a identidade da árvore inexistente pode ser usada para dar documentos falsos para uma árvore que existe, mas não poderia ser cortada.

“A madeira ilegal é mais barata, não paga impostos, não gera empregos formais, vem de um desmatamento, vem de uma exploração ilegal”, diz agente do Ibama que realizava a fiscalização na área de manejo.

O Fantástico rastreou três cargas de madeira ilegal, que usavam créditos fictícios, da floresta até o destino final. Um deles começa na BR-163, em Sorriso. Em março de 2022, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu um caminhão carregado de Garapeira e Ipê. O motorista apresentou uma nota fiscal sem assinatura, de uma serraria em Nova Monte Verde (968 Km de Cuiabá).

A investigação mostrou que a madeira de origem ilegal teria sido carregada em Novo Progresso, no Pará. Saiu com uma nota fiscal que dava aparência de madeira legal até cruzar a divisa com Mato Grosso. Com o caminhão na estrada, foi emitida a guia florestal para “esquentar” a carga, segundo o Ibama.

Os fiscais foram até a serraria de onde saiu a guia florestal. O Ibama também identificou a origem de créditos fictícios de Ipê, com os do caminhão vindo do Pará. Os créditos fictícios saíram daquele manejo das “árvores imaginárias”.

Wanderley Batista de Brito, engenheiro florestal que fez o plano de manejo declarando árvores que não existiam na floresta, já havia sido preso em 2022, pelo Ministério Público Estadual (MPE) por fraude em créditos ambientais. Em nota, negou as irregularidades no plano de manejo e também qualquer participação na venda de créditos fictícios. Disse ainda que não teve acesso ao relatório do Ibama e são falsas as acusações que o levaram à prisão.

Três meses depois da apreensão, os fiscais do Ibama foram até Paranaguá, Paraná, para investigar a Neo Wood, que comprou a madeira apreendida em Sorriso. Sem sede própria, os agentes encontraram dois processos de exportação a guia fiscal apreendida em Mato Grosso. A Garapeira e o Ipê deixaram o Brasil, com origem para Índia e Coreia do Sul.

A madeira foi liberada pelo juiz Érico de Almeida Duarte, após pagamento de uma caução no valor de R$ 108,9 mil – enquanto a exportação somou R$ 349,6 mil. Para justificar a liberação, o magistrado justificou que não havia local para guardar o material.

“Nós não legalizamos algo que é ilegal. Quando a pessoa quer se defender do processo, nós não temos um local para dar essa destinação imediata. E essa madeira fica na chuva ou no sol. Vai acabar se perdendo”, disse o magistrado.

“A madeira é avaliada aqui do jeito que ela está aqui no local. E na nossa região a madeira tem um valor. Pra onde ela vai, se é que ela foi, vai ter outro valor, obviamente”, completou.

Na quinta-feira (1º), o Ibama foi procurar o dono da Neo Wood, em Sinop. De acordo com as investigações, Tiérci Schmitti atuava na fraude dos créditos ambientais que permitiu a exportação de madeira ilegal.

Em nota, o dono da Neo Wood afirmou que desconhece a origem ilegal da madeira e que suas atividades atendem as normas ambientais.

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