As altas sucessivas nos preços dos fertilizantes ao longo de 2021 já vinham deixando produtores brasileiros em alerta quanto à temporada 2022/23.
De acordo com Mauro Osaki, pesquisador da área de custos agrícolas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o movimento de avanço nos valores dos fertilizantes foi intensificado diante da Guerra na Ucrânia, que resultou em sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, União Europeia e outros sobre a Rússia.
Segundo o pesquisador, o contexto tem dificultado as transações de fertilizantes e também de trigo e de outros produtos do país russo.
“Embora em março o dólar tenha se desvalorizado frente ao Real, a queda na taxa de câmbio não foi suficiente para impedir novas elevações nos preços dos fertilizantes no Brasil”, escreveu o pesquisador.
Custo
Levantamento do Cepea mostra que o cloreto de potássio foi negociado no Brasil à média de R$ 6.171,50/tonelada em março, alta de 24,9% em relação à de fevereiro e 153,6% acima da de março de 2021.
A cotação média do MAP (fosfato monoamônico) foi de R$ 7.032,10/t em março, 40,6% superior à do mês anterior e avanço de 63,6% em relação à de março do ano passado.
Quanto à ureia, a tonelada foi negociada à média de R$ 5.844,70/t no Brasil em março, valorização mensal de 36,8% e anual de 97,3%.
Segundo Mauro Osaki, esses novos reajustes já são repassados, em partes, aos gastos envolvendo a nova safra 2022/23.
Uma simulação realizada pelo Cepea mostrou que o gasto médio orçado com fertilizantes para a produção de soja na safra 22/23 aumentou 29,6% em março em comparação ao mês anterior e 103,4% em relação a março de 2021.
Em março, o sojicultor precisou de 13,3 sacas de soja por hectare para custear o gasto com fertilizante, contra 7,9 sacas/ha em março do ano passado.
Para o milho da safra verão e de segunda safra de 2022/23, o gasto com fertilizantes orçado em março cresceu 30,6% e 31%, respectivamente, em relação ao mês de fevereiro de 2022.
Na comparação anual, os aumentos são de respectivos 91,5% e 119,1%.
Em março de 2022, foram necessárias 56,2 sacas e 23,3 sacas de milho para cobrir o gasto orçado com fertilizante por hectare para o milho verão e segunda safra, respectivamente, contra 21,9 sacas e 10,7 sacas do cereal em março de 2021.
Nos casos do feijão, do arroz irrigado e do trigo, os aumentos nos gastos com fertilizantes foram, respectivamente, 32,6%, 23,2% e 31,2% em março frente a fevereiro. Entre março/21 e março/22, os aumentos são de 83,2%, 91,1% e 94%, na mesma ordem.
Quanto à relação de troca, para cobrir o custo com fertilizante por hectare eram necessárias 5,3 sacas de feijão em março de 2021, contra 8,3 sacas em março de 2022; para o arroz irrigado, foram necessárias 19,1 sacas de arroz (50 kg) em março de 2021, subindo para 41,1 sacas em março deste ano; e para o trigo foram 15,7 e 24,6 sacas do cereal para o mesmo período.
CANAL RURAL