Investigação da Polícia Civil que apura o esquema que desviou R$ 87 milhões dos cofres públicos de Sinop (497 km de Cuiabá), aponta que a organização criminosa estruturada para fraudar a prestação de serviços de saúde tinha como líder uma pessoa ‘sem identificação’ denomininda de “El Patrón”. A informação consta na decisão do juiz João Bosco Soares da Silva, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), que autorizou deflagração da Operação Cartão Postal, nesta quinta-feira (19).
Consta nos autos, conversas de WhatsApp mantidas entre o advogado Hugo Castilho e o delator do esquema Luiz Vagner, onde os envolvidos mencionam à alcunha do ‘chefão’.
A menção em questão foi feia durante a cobrança de um pagamento no valor de R$ 87 mil. Na troca de mensagens, Hugo orienta o médico a efetuar o pagamento em dois depósitos na conta de uma mulher identificada como Adriana Teixeira Martins. Em seguida, o jurista ressalta a urgência do pedido, por ser “do El Patron”. Até o momento, a polícia busca por identificar a pessoa por trás do apelido.
Em depoimento, Luiz declarou que quanto à pessoa de Adriana, ela era “a única pessoa que ele não conhecia e não fazia a mínima ideia de quem fosse”.
A INVESTIGAÇÃO
Ao longo de mais de seis meses de investigações, foram realizadas diversas diligências para o esclarecimento dos fatos, como o levantamento de dados, a análise documentos, pesquisas em bases abertas de dados, confronto de informações e identificação de pessoas, veículos, empresas e locais.
Com base nessas atividades investigativas, identificou-se a atuação de uma suposta organização criminosa, que seria bastante estruturada, com clara hierarquia, divisão de tarefas entre seus componentes e que teria um sofisticado esquema de atuação em conexão com o Poder Público Municipal, cujo objetivo principal era fraudar de modo consistente a prestação do serviço de saúde na cidade, para auferir lucro e realizar diversos repasses financeiros aos líderes do esquema.
Foi verificado que, a organização social que hoje gerencia a pasta da Saúde de Sinop teria sido especialmente ajustada para assumir a prestação do serviço de forma precarizada, tendo em vista diversas alterações formais que aconteceram em sua composição no mesmo período em que disputava a dispensa de licitação para assumir tais atividades, entre maio de junho de 2022.
Essa organização social voltou a vencer dispensas de licitação ocorridas entre outubro e novembro de 2022 e entre abril e maio de 2023, de modo que continua a atuar na cidade até hoje.
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