Diante da irregularidade das chuvas, o plantio de soja em algumas propriedades das regiões sul e sudeste de Mato Grosso está parado. Produtores temem ver a janela da segunda safra comprometida com tal medida.
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Semeadura da soja alcançou 18,61% dos 11,8 milhões de hectares destinados para a cultura no estado na semana passada, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Rogério Berwanger é produtor em Jaciara. Após plantar mil hectares dos 1,7 mil hectares destinado para a soja na fazenda, ele decidiu interromper o trabalho de campo. O motivo: insegurança provocada pela irregularidade de chuvas na região.
“A chuva está bem localizada em alguns pontos e isso é uma preocupação para nós produtores. Nós não podemos errar. O produtor hoje não tem mais margem para erro, tem que plantar e ficar bem plantado senão começa mal. Temos um ano muito crítico pelo custo de produção que foi muito alto, estratosférico, então tem que ter muito cuidado no plantar porque já são 50% da lavoura”, diz o produtor de Jaciara.
“Já tivemos áreas com degolamento, e como a gente vê que a irregularidade já está muito grande isso aí dá medo. Muitos poucos pontos com boa umidade e muitos lugares com baixa umidade. As previsões são boas, mas previsão não é realidade. Tem que cair primeiro para depois a gente ver. Isso é categórico. Pode fazer qualquer conta que quiser, se tiver que replantar já vai plantar a safra com prejuízo”, frisa Berwanger.
Cronograma do plantio do algodão está sendo alterado
Em algumas propriedades, a má distribuição das chuvas está levando os produtores a alterarem o cronograma do plantio do algodão, principalmente daqueles que vão plantar a segunda safra. Como é o caso do produtor de Campo Verde, Sadi Luiz Piccinin Júnior.
Segundo Piccinin Júnior, a situação com as chuvas o está levando a perder a janela do algodão safrinha e com isso a área tende a reduzir 40%. “Por causa do atraso da chuva. Vai passar essa área para milho, porque não vai dar tempo de fazer toda essa área de algodão. Desistir de uma parte do algodão. Esses dois anos os custos estão bem elevados, então não dá para arriscar muito”, explica.
Conforme o agricultor de Campo Verde, ele vai semear cerca de dois mil hectares de soja nesta safra 2022/23. Metade já recebeu as sementes. Ele afirma que o ritmo de trabalho com a oleaginosa está lento devido as irregularidades das chuvas e que não descarta o risco de perdas por falta de umidade.
“Estão sofrendo com estresse. Pode ter perdas, porque ela veio e não repetiu em cima da mesma área. Mas, se replantar aí vai ser milho também, porque aí só vai colher lá dentro de fevereiro. Mudamos de dois lados, plantamos um lado, aí plantamos do outro lado. Estamos apreensivos para ver o que vai vir por esses dias. Choveu 60 milímetros do começo do plantio até agora, mas isso dividido em quatro ou cinco chuvas. Insuficiente para garantir uma boa germinação, muito pouca umidade, tinha que ter vindo o dobro desta umidade já”.
Falta de chuvas afeta milho no médio-norte
Na região médio-norte de Mato Grosso também tem produtor preocupado com o ritmo do plantio da soja e os impactos que isso trará para o milho segunda safra. É o caso do produtor Silvano Filipetto no município de Vera.
Enquanto safra 2021/22 ele já havia plantado 70% de sua área nesta época, a semeadura do ciclo 2022/23 atingiu apenas metade de tal percentual.
“Estamos com a nossa propriedade aguardando as chuvas. A nossa perspectiva era depois do dia 20 de setembro iniciar o plantio. Até agora se não me engano foram 10 milímetros de chuva em dois talhões da fazenda. Estamos extremamente atrasados, com no mínimo 10 a 12 dias de atraso. E, acreditamos numa quebra já na propriedade entre 15% e 20% na produção de milho no ano que vem. A safra de milho já está comprometida com esse atraso do plantio da soja”, diz Filipetto.
Viviane Petroli e Pedro Silvestre, do Canal Rural Mato Grosso