A colheita do milho segunda safra chegou a 55% da área total em Mato Grosso. Na região médio-norte do estado, apesar do bom desempenho até o momento, os produtores ainda não comemoram os resultados, pois as áreas cultivadas mais tarde foram castigadas pela falta de chuva, o que vai afetar a produtividade final.
O ritmo de trabalho das colheitadeiras é intenso na propriedade de Paulo Roberto Zen, presidente do sindicato rural de Nova Mutum (MT). Intervalo só mesmo nos horários em que a temperatura está mais elevada, para evitar o risco de incêndios na lavoura.
“A gente está parando na hora do almoço, das 11h às 3h da tarde, por causa do fogo. Mas depois vai até a hora de encher o armazém à noite. O negócio é não perder tempo. Esta noite toquei o secador até as 3h30 da manhã”, conta.
Mais investimento no milho
A pressa é para aproveitar ao máximo o bom rendimento alcançado nas primeiras áreas cultivadas. Elas foram beneficiadas pelo clima, e fizeram valer o alto investimento na terra.
“Os primeiros talhões estão acima da média. Lógico que a gente investiu mais também, como em fertilizante, que no ano passado estava mais em conta e a gente aplicou mais. O final é que a gente está na expectativa ainda, porque faltou chuva, mas pelo aumento do início talvez a gente vai conseguir a mesma média do ano passado”, afirma Zen.
Segundo ele, a expectativa é de que o município feche com média de 100 sacas por hectares, o que está de 8 a 10 sacas abaixo da média do ano passado. “Tem lugar em que nem vão passar máquina, não compensa nem retirar o que sobrou.”
Tombamento
Em Lucas do Rio Verde, município vizinho, os agricultores já colheram mais de 30% dos 215 mil hectares cultivados com milho nesta safra. Segundo o sindicato rural local, não faltou água para o milharal e as produtividades alcançadas até aqui são boas. Mas o tombamento de plantas no campo preocupa.
“Enquanto outras regiões sofriam com a seca, nós fomos abençoados com uma chuva que pegou quase totalidade das áreas do município. Essa chuva salvou a lavoura e estamos vendo uma produção de umas 10 sacas acima do esperado”, conta Marcelo Lupatini, presidente do sindicato rural de Lucas do Rio Verde.
Mas há produtores do município que também estão sofrendo perdas. “Dependendo do material e do manejo, os [pés de] milhos estão deitando e isto está tirando 30, 40 sacos da produção. Muito provável a suscetibilidade à cigarrinha”, diz Lupatini.
Sorriso
Em Sorriso, município que mais cultiva milho em Mato Grosso, a colheita está bem mais adiantada. A estimativa é de mais de 50% da área total colhida, com boas médias de produtividades.
“Nós plantamos cerca de 20, 30 dias mais cedo, então isso ajudou muito. No ano passado tínhamos uma média de 90, 100 sacas; no último levantamento, deu uma média de 130, 131. Os últimos 20% da área de Sorriso a gente sabe que foi plantado depois do dia 10, 15 de fevereiro. Acreditamos[para essas áreas] em uma queda de 30% a 40%em relação a esses primeiros que foram colhidos”, afirma o presidente do sindicato rural do município, Silvano Felipetto.
Ainda é cedo para definir qual será a safra, afirma o vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber. “Mas a gente sabe que vai ter uma quebra acentuada e que dificilmente a safra de Mato Grosso vai passar de 36 milhões de toneladas, vendo as outras regiões, como a oeste, parte da leste e a sul, que foram mais castigadas com a seca”.
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