Mato Grosso é um dos estado que mais consomem agrotóxicos do país e o Pantanal e as comunidades que vivem na região são os mais afetados com o alto consumo do veneno , se a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), conforme levantamento referente ao ano passado.
O levantamento cita o relatório do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), que mostra que, em 2020, foram comercializados no estado 142.738,855 quilos em agrotóxicos.
Segundo a federação, esses produtos apresentam mais riscos aos trabalhadores que manuseiam diretamente os agrotóxicos e moradores de regiões em que esses produtos são fabricados ou aplicados.
A pesquisa mapeou quatro comunidades rurais que foram expostas aos produtos nos municípios de Poconé, Cáceres e Mirassol D’Oeste.
Quantidade de agrotóxicos consumidos pelos municípios analisados — Foto: Reprodução/Fase
Conforme a análise, os resultados mostraram as fragilidades nos processos de controle e fiscalização de agrotóxicos.
“Demonstram um cenário preocupante da utilização de agrotóxicos em Mato Grosso, apontando a contaminação das águas, presença de resíduos dos produtos no sangue de trabalhadores e no leite materno”, diz trecho do documento.
O g1 entrou em contato com Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
O agrotóxico
Pulverização de lavoura de soja — Foto: Amanda Sampaio/G1 MT
O uso de agrotóxicos para o cultivo de lavouras, hortas, jardinagem e controle de pragas contamina o ar, a água, o ambiente e desencadeia doenças. Conforme o estudo, o modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos pode gerar consequências à saúde humana, como poluição ambiental, intoxicação de trabalhadores e da população em geral.
“É urgente a criação de áreas livres de agrotóxicos e outros poluentes no entorno de comunidades quilombolas, territórios indígenas e de comunidades tradicionais. Territórios estes que desenvolvem práticas de produção de alimentos orgânicos, garantindo a saúde e reprodução de atividades agroecológicas livres de agrotóxicos”, disse o relatório.
A federação explica que há dois tipos de intoxicação por agrotóxicos, de forma direta e crônica.
Na forma direta, a pessoa pode se contaminar enquanto manipula os agrotóxicos no momento das misturas ou da aplicação.
Se inalados, ingeridos acidentalmente ou ao entrar em contato com a pele e mucosas, a intoxicação é aguda.
As intoxicações agudas são as decorrentes de um ou múltiplos contatos diretos com o agente e afetam as pessoas expostas no ambiente de trabalho e as pessoas que moram em regiões agrícolas.
Outro tipo é a intoxicação crônica, decorrente da exposição prolongada a doses cumulativas de um ou mais agentes tóxicos e em um período prolongado. Este tipo pode afetar toda a população, seja pela exposição direta por meio do trabalho ou nas contaminações por névoas que migram devido ao vento, chuva ou temperaturas elevadas e também por meio do consumo de alimentos e água com a presença de resíduos.
G1 MT