O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), pediu a convocação do secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Mauro Carvalho, para dar explicações aos senadores sobre o envolvimento do governo do estado com venda de imunizantes.
O secretário Mauro Carvalho disse que ainda não foi notificado, mas que está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários.
Em relação à questão dos contatos feitos com Luiz Paulo Dominguetti, o secretário afirma que foi solicitada carta de representação, mas, como ela não foi entregue, as tratativas não prosseguiram.
O requerimento foi enviado nesta terça-feira (24) ao presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM).
Nele, o senador Renan Calheiros afirma que os depoimentos colhidos até o momento demonstram intensa troca de mensagens entre o policial militar vendedor de vacinas, Luiz Paulo Dominguetti, e Mauro Carvalho.
O governo de Mato Grosso disse que foi procurado por um representante da empresa Davati Medical Supply, investigada na CPI da Covid, para a compra de vacinas da fabricante Johnson & Johnson, em março deste ano.
Prints divulgados pelo estado mostram que a empresa ofereceu as doses por U$ 14 cada, com prazo de entrega de até 10 dias após a assinatura do contrato.
Em resposta à oferta, o secretário-chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho, solicitou a Carta de Representação da empresa com a fabricante para ter a garantia da compra de forma correta.
No entanto, segundo o estado, o documento não foi apresentado e o governo não deu sequência a nenhuma tratativa com a empresa.
No dia 1º de julho, na sessão da CPI da Covid, Dominguetti teve o celular apreendido pela comissão.
A TV Centro América teve acesso a documentos extraídos do celular do policial militar. Os dados mostram o começo das negociações e até detalhes sobre o que o grupo investigado pelos senadores chamava de ‘comissão pela venda das vacinas’.
A ação dos intermediários na venda de vacinas para o Ministério da Saúde é o principal tema das investigações. Esses grupos queriam intermediar o processo de venda de imunizantes entre as fabricantes e o governo federal, mas eles também tentaram negociar com os governos estaduais.
Os depoimentos colhidos até agora pelos senadores já foram suficientes para entender que o grupo do qual faz parte Luiz Paulo Dominghetti se apresentava como representante da Astrazeneca.
O cabo da PM – que teve livre acesso ao Ministério da Saúde – disse que a intenção também era vender para os governos estaduais, entre eles Amapá e Mato Grosso. O celular de Dominghetti foi apreendido e periciado pela Polícia Federal.
Negociações
Em um e-mail enviado por Helder Mello, outro investigado na CPI, para o cabo da PM tem os detalhes da negociação.
De cada dose comprada pelo governo de Mato Grosso a US$ 14, US$ 2 seriam o que os intermediários chamaram de ‘comissão’, US$ 1 iria para o comprador e o outro dólar seria dividido entre Helder, Luiz Paulo Dominghetti e quem intermediou o contato.
No e-mail, Helder lembra a importância de fornecer a carta que comprovasse representação da Davati por Cristiano Carvalho para garantir que tudo caminhasse de forma oficial.
Outros dados extraídos do celular periciado a pedido da CPI da Covid também revelam mensagens enviadas por Dominghetti para Cristiano. No texto, Dominghetti se mostra empolgado com o avanço das negociações.
Em outra mensagem, o governador de Mato Grosso é citado: “O governador vai entrar em contato com você para afinar a compra”.
Por: G1 MT