O Projeto Arara Canindé desenvolvido pelo empresário Anderson Kirsch, com apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Obras e Serviços Urbanos, bem como da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – campus Sinop, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) – unidade desconcentrada de Sinop -, e, a empresa Biota, visa a inserção e preservação da espécie no ambiente urbano de Sinop através da instalação e observação de ninhos artificiais e naturais.
Em atividade desde novembro de 2019, o projeto conta com oito ninhos artificiais e 10 naturais localizados dentro do ambiente urbano. Kirsch explica que a idéia surgiu após observar a necessidade ao acompanhar a presença com maior freqüência dessas aves na cidade. “Com o desmatamento entorno de Sinop para o desenvolvimento e crescimento, elas vieram para cidade. Como aqui não há muitas árvores grossas, pensei em desenvolver esses abrigos para elas e tem dado certo”, comentou.
A ação busca minimizar os impactos ambientais causados pelas atividades humanas em decorrência do desenvolvimento e industrialização da cidade. Com essas atividades, conseqüentemente, diminui os recursos naturais no entorno urbano para a fauna, o que força diversos animais a buscarem abrigo e alimento dentro da cidade e com isso a área urbana acaba se tornando um elo muito importante no desenvolvimento como na reprodução desses animais.
Os ninhos são acompanhados de perto por um grupo de alunos da UFMT, liderado pelo professor associado da UFMT, Rafael Arruda, com suporte oferecido pelo município. “Essa equipe de alunos fica visualizando, observando esses ninhos, durante um período do dia. A idéia é além de registrar quantos desses ninhos estão sendo utilizados pelos animais, também, qual é o comportamento do animal ao utilizar o ninho. Por isso a observação por um tempo. Cada ninho fica mais ou menos sendo observado por uma hora”, contou ele.
Segundo o docente, a observação se dá ao longo de todo o ano em horários distintos a fim de identificar o comportamento de cada ave no ninho em diversos horários do dia, para entender a dinâmica e característica dos elementos da fauna dentro do contexto urbano, ambiente não natural para eles. O professor explica que pelas características ambientais da cidade ser diferente em relação à natureza, os animais podem adotar outros comportamentos principalmente no período de reprodução.
“Na natureza a gente espera que esses animais comecem a edificar nesse período, pouco antes das chuvas e, os filhotes, a abandonar os ninhos no mês de fevereiro e março. Mas no ambiente urbano, que é o foco do projeto, muito provavelmente esse comportamento vai ser alterado, dado as condições diferenciadas de locais, umidificação e muito provavelmente por locais de alimentação. Esse projeto vem exatamente para tentar identificar mais ou menos qual é o período de reprodução em ambiente urbano, por isso temos esse acompanhamento constante”, disse.
Arruda explica que outra preocupação dos envolvidos no projeto é a educação ambiental da população em relação à presença frequente desses animais dentro da área urbana. “As araras são emblemáticas, dada a expressão das cores que elas têm. Isso chama muito a atenção e por isso é interessante a gente trabalhar esse tipo de abordagem nesse projeto onde a gente intercala toda uma perspectiva de educação ambiental para que a população da cidade se sinta confortável com a fauna urbana nas cidades. Esse é um caminho sem volta. Então não existe mais a possibilidade de a gente retirar todos os elementos da fauna do ambiente urbano, visto que é uma tarefa quase impossível”, comentou.
Fonte: Roneir Corrêa – Assessoria da Prefeitura de Sinop