A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investigará as circunstâncias que envolvem a gravação do vídeo que mostra pedreiros pisando em ossadas enquanto constroem um jazigo, no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. As imagens reveladas pelo Metrópoles foram gravadas nessa quarta-feira (16/3).
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A corporação foi provocada pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), responsável pelas questões funerárias e quem dá o aval para que empresas cuidem dos cemitérios na capital. Em ofício assinado nesta quinta-feira (17), o diretor de fiscalização de serviços funerários, Nilson Machado da Silva, pede a investigação da PCDF.
“[É] imperioso o encaminhamento desta notícia a essa instituição, visando a instauração de procedimento apuratório da possível ocorrência de crime de vilipêndio a cadáver praticado por funcionário que realizava a edificação de novos jazigos na unidade de cemitério Campo da Esperança Asa Sul”, escreveu o diretor
Ainda na quarta, a Sejus notificou a empresa Campo da Esperança a esclarecer os fatos em 24h. Entre as informações pedidas pela pasta estão: a confirmação do endereço da reforma, o guia de sepultamento das pessoas ali enterradas, o nome da empresa terceirizada que executou o serviço e do funcionário que aparece nas imagens e, por fim, as providências tomadas.
Imagens mostram trabalhadores pisando em ossos
Uma gravação dessa quarta-feira (16) mostra pedreiros que construíam um jazigo no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, pisando nos ossos da pessoa enterrada na sepultura.
“Aqui é o serviço da Campo da Esperança: funcionários arrumando túmulos e pisando em cima dos restos mortais; olha o respeito que tem”, narra o homem que grava o vídeo. Depois, ele dá informações sobre a sepultura violada: “Setor A, Quadra 701, túmulo 49”.
O homem, que estava no local visitando o túmulo de um parente, se revoltou ao perceber as imagens que considerou chocantes. Mesmo com o celular bem perto, os pedreiros ignoram e continuam o serviço normalmente. Quando a câmera se aproxima, é possível ver os ossos do cadáver em um caixão parcialmente quebrado.
A reportagem entrou em contato com a Campo da Esperança, concessionária responsável pelo cemitério. A companhia afirmou ter suspendido o contrato com a empresa terceirizada responsável pelas obras, identificada apenas como “AJC”, e ressaltou que nos próximos dias outras medidas serão tomadas.
Ainda segundo a Campo da Esperança, o trabalhador que aparece no vídeo foi identificado e afastado. “Há indícios de que a conduta foi uma tentativa deliberada de retaliação à concessionária por mudanças que estão sendo implementadas nos cemitérios”, afirmou. Por fim, assegurou que a conduta “vai contra a política da empresa, que respeita as sepulturas e o cuidado com os trabalhadores”.
Veja a íntegra da manifestação da empresa Campo da Esperança:
“A Campo da Esperança Serviços Ltda. informa que:
– Suspendeu o contrato com a empresa terceirizada responsável pela obra e vai avaliar nos próximos dias outras providências que serão tomadas.
– O trabalhador que aparece no vídeo já foi identificado e afastado pela empresa terceirizada contratada pela Campo da Esperança Serviços. Há indícios de que a conduta foi uma tentativa deliberada de retaliação à concessionária por mudanças que estão sendo implementadas nos cemitérios.
– O serviço mostrado no vídeo enviado pela reportagem trata-se de reformas preventivas de jazigos para o reforço das estruturas. As intervenções nessa área especifica estão concluídas.
– O procedimento mostrado nas imagens vai totalmente contra a política da concessionária de respeito às sepulturas e cuidado com a segurança do trabalhador e dos visitantes.”
METRÓPOLES