A Polícia Civil encontrou na casa do pastor Lourival Santos Andrade, de 42 anos, cópias dos inquéritos policiais contendo, no verso, anotações com teses de defesa para cada uma das acusações de estupro que recebeu.
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Lourival é acusado de estupro por quatro moradoras de Confresa, duas delas menores de idade. No Município, o líder religioso tem uma de suas três igrejas – as demais estão localizadas em Ribeirão Cascalheira e outra em Cuiabá, no Bairro Planalto.
Conforme a delegada do Plantão da Delegacia da Mulher, Jannira Laranjeira, dentre as diferentes teses anotadas no verso das cópias estavam: “Desse caso aqui, nunca estive com essa menina”; “desse, nunca liguei pra ela, não tenho nem o seu telefone”.
“Outra tese de defesa usada nas anotações é a de que elas estariam combinando o depoimento. Que são do mesmo município, da mesma igreja, que elas se conhecem e estavam unidas para denunciá-lo”, completou a delegada.
Para Jannira, o que fica claro, por esse e outros aspectos da investigação, é que o religioso tomou conhecimento de todas as acusações antecipadamente, e estava tentando arrumar justificativas para cada uma elas.
Durante o cumprimento de busca e apreensão na residência de Lourival, no Bairro Nico Baracat, foi apreendido também o óleo ungido usado nos rituais religiosos.
A suspeita da Polícia é de que haja substâncias entorpecentes no líquido, a partir do depoimento das vítimas.
Uma das vítimas, de 17 anos, relatou que solicitou ao pastor uma oração e foi levada ao banheiro da igreja onde o religioso teria passado o óleo pelo seu corpo. Pouco depois disse ter sentido tonturas, momento em que Lourival teria tirado sua roupa e a estuprado.
“Somente a perícia poderá apontar se aquele óleo tinha alguma substância entorpecente. Mas mesmo se não tiver, isso não quer dizer que ele não tenha usado essa substância”, afirmou Jannira.
Conforme as investigações, os encontros com as vítimas eram marcados sempre em horários em que a igreja estava vazia.
Lourival é investigado por supostos crimes de estupro de vulnerável e importunação sexual mediante fraude. A Polícia não descarta que haja outras vítimas.
“Ainda existem muitas pessoas que se sentem constrangidas, envergonhadas em denunciar. Se sentem culpadas, muitas vezes acham que permitiram o abuso e não é verdade. Ele se aproveitou daquele momento de fragilidade e se valeu desse ministério que lhe foi confiado pelos fiéis e as abusou sexualmente”, finalizou.
O pastor foi submetido a uma audiência de custódia no mesmo dia em que foi preso, na última quarta-feira (18), e a prisão foi mantida. Ele foi encaminhado ao Centro de Ressocialização de Cuiabá, no Carumbé.
MIDIA NEWS