Presidente de time de Mato Grosso, acusado de racismo, pede afastamento do cargo

Anir Siqueira, que comandava o Nova Mutum, teria chamado o preparador físico do União de Rondonópolis de “negrinho vagabundo” antes de partida pela Copa FMF

Após envolvimento em caso de racismo contra o preparador físico do União de Rondonópolis, o presidente do Nova Mutum, Anir Siqueira, pediu afastamento do cargo para resolver a situação. A diretoria do clube se reuniu nesta semana e ficou decidido pela preservação da imagem do clube. Quem assume o Nova Mutum é o vice-presidente Eudes Gomes Pereira.

Anir Siqueira, residente do Nova Mutum — Foto: Divulgação
Anir Siqueira, residente do Nova Mutum — Foto: Divulgação

Segundo um dos diretores, que estava na reunião, nenhuma pessoa ligada ao Nova Mutum teria ouvido a ofensa, e espera que o Anir resolva essa situação. O clube divulgou nota oficial sobre o afastamento e citou falta de empatia com o caso.

– Infelizmente o fato que vem sendo veiculado nos mais diversos meios de comunicação, sem a devida empatia, cautela e respeito à imagem dos supostos envolvidos é deveras prejudicial e constrangedora – diz parte da nota (veja na íntegra abaixo).

A súmula da partida entre Nova Mutum e União relata o ocorrido, mas nenhum integrante da arbitragem ouviu. Os fatos são informações repassadas pelo diretor do União.

– Fui informado pelo Sr. Marcelo Galiano, responsável pelo clube, após a conclusão da partida, que o Sr. Anir Siqueira Coimbra, presidente do Nova Mutum Esporte Clube, ofendeu o preparador físico do União Esporte Clube com as seguintes palavras “negrinho, vagabundo”. O mesmo ainda informou que o presidente também ofendeu o número 5 do UEC, Sr. Ruan Marcos Jesus dos Santos, de macaco. Ressalto que o presidente do Nova Mutum, Anir Siqueira apresentava sinais evidentes de embriaguez – relata a súmula.

No meio dessa crise, o Nova Mutum recebe nesta quarta-feira o Brasiliense pela partida de volta das quartas de final da Copa Verde, às 15h, no estádio Valdir Doilho Wons. O time mato-grossense perdeu a ida por 1 a 0 e precisa da vitória para seguir vivo na competição.

Veja a nota do clube na íntegra:

O Nova Mutum Esporte Clube, através de sua diretoria, tomou conhecimento do episódio relatado através das mídias sociais, no qual na data de 31 de outubro de 2021, o preparador físico do União Esporte Clube registrou um Boletim de Ocorrência alegando ofensas proferidas pelo Presidente deste clube, onde este haveria proferido palavras que caracterizariam o fato de injúria preconceituosa.

Cabe aqui ressaltar que ao longo da formação do Nova Mutum Esporte Clube – fundado em 1988 – nunca ocorrera qualquer episódio semelhante. A diretoria pede a toda a sociedade, torcedores e amantes do futebol, as mais sinceras desculpas por tal envolvimento e publicidade negativa.

Infelizmente o fato que vem sendo veiculado nos mais diversos meios de comunicação, sem a devida empatia, cautela e respeito à imagem dos supostos envolvidos é deveras prejudicial e constrangedora.

O membro diretor suspeito, que é empresário local, membro da direção FMF e que vem atuando brilhantemente em seu papel há anos, com objetivo da busca da verdade real e por razões pessoais, na tarde de ontem, requereu seu afastamento do cargo, para que o fato seja devidamente esclarecido.

A comissão técnica, diretoria e organização se prontificam a esclarecer todas as dúvidas pertinentes ao assunto supramencionado, e afirmamos ainda que não pactuamos com qualquer atitude desrespeitosa, quão mais, mas não exclusivamente no que tange à raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou deficiência.

Seja no convívio societário, seja dentro ou fora do campo, devemos nos pautar tão somente na disputa cordial e profissional, deixando o ódio e a formação de opiniões desidiosas fora daquele que é o esporte mais popular e bonito do mundo. No clube temos como praxe o dizer de que a única diferença de cor é só a camisa dos jogadores.

Logo, diante de todo o ocorrido, busquemos nesse momento, a devida cautela nos comentários, posto que, antes do devido processo legal, um julgamento arbitral afasta a empatia, podendo acarretar danos irreparáveis aos envolvidos, além de promulgar o ódio e a discordância social.

Fonte: Olímpio Vasconcelos-Globo Esporte

Apoie o Nortão, compartilhe essa matéria!