O bairro Jardim Florianópolis, na periferia de Cuiabá, tem uma casa que se destaca das demais. Com varanda ampla, mesa de sinuca e móveis planejados a dedo, a residência abriga uma das primeiras-damas do CV, a esposa de Jonas Souza Gonçalves Júnior, o Batman, tesoureiro e um dos quatro líderes do Comando Vermelho em Mato Grosso.
Principal facção criminosa em Mato Grosso, o Comando Vermelho tem quatro conselheiros no estado (todos presos na Penitenciária Central do Estado), líderes que decidem as ações e o destino dos faccionados. São eles Batman; Sandro da Silva Rabelo, o “Sandro Louco”; Fabio Aparecido Marques do Nascimento, o “Lacoste”; e Renildo Silva Rios, o “Chapa”.
Pela função junto ao CV, eles recebem salários e benefícios. O lucro recolhido com a venda de drogas em todo o estado é repartido entre os quatro, conforme consta na decisão que decretou a prisão de integrantes da facção na Operação Mandatário, em janeiro deste ano.
A vida de luxo da primeira-dama é sustentada pelo marido preso, que utiliza um “assessor” para o pagamento das despesas e até para fiscalizar a execução de serviços domésticos, como a instalação de móveis planejados.
No caso de Batman, o assessor é F.A.B., mais conhecido como “Loirão”. Quando ele foi preso, em janeiro deste ano, os policiais encontraram em seu celular “um controle detalhado de despesas mantidas pelo investigado, em que constam além de suas despesas pessoais, pagamentos à fornecedores de drogas, gastos fixos e contas pessoais dos líderes para os quais trabalha”.
Loirão era o responsável, por exemplo, por pagar as contas das casas da esposa e da sogra de Batman. Além disso, a primeira-dama recebia uma mesada mensal para os gastos pessoais e também “presentes” enviados pelo marido preso.
Para se ter uma ideia da vida de alto padrão levada pela família do conselheiro do CV, os registros de Loirão mostram que em novembro e dezembro de 2020 Batman e sua família gastaram cerca de R$ 150 mil.
Em conversas interceptadas pela polícia, a sogra de Batman cobra de Loirão o dinheiro para “fazer compras para sua casa”. Ele então pede que a familiar aguarde um pouco, pois “ainda não finalizaram o fechamento das contas e não poderia retirar dinheiro do ‘recolhe'”.
Além das casas bem equipadas, a família de Batman só anda em carros de “valor considerável”. Mas nenhum ficava muito tempo no nome dos integrantes da família, pois eram “revendidos”. No entanto, apesar da mudança do nome do dono, o veículo continuava com a família.
J1 AGORA