Não é só o combustível que ficou mais caro nesse mês de julho. Outro produto que faz parte do dia a dia dos brasileiros também terá aumento de preço e pode ficar até 50% mais caro ainda este ano, projetam associações de produtores.
Segunda a informação do Portal UOL, a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) sinaliza que a carne de frango e porco também serão vilões na nossa mesa.
A entidade, que tem 143 associados (os principais do ramo do país), afirma que isso ocorrerá devido ao aumento dos custos de produção nos últimos 12 meses. O ICP (índice de Custo de Produção) de junho da Embrapa Suínos e Aves aumentou 52,3% para frangos e 47,53% para suínos.
A alta é consequência do aumento dos preços do farelo de soja e milho, principais componentes da nutrição de suínos e frangos – os custos com nutrição correspondem a 75% no ICP de frangos e a 80,8% no de suínos.
Além disso, os preços do milho semiduro no atacado, em uma saca de 60 kg, tiveram variação entre 61% (em Recife-PE) e 98,7% (em Sorriso-MT), na comparação entre o primeiro semestre deste ano com o de 2020, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Já para a tonelada de farelo de soja, a menor variação no mesmo período foi em Passo Fundo (RS), de 61,4%, e a maior em Barreiras (BA), com preço de R$ 2.610,46 e alta de 82%.
O presidente da ABPA, Ricardo Santin, disse que as empresas irão repassar, de forma integral, esse aumento nos custos de produção parara o preço de frangos e suínos: “(Esse repasse) já ocorre este mês, de forma gradual, nas respectivas praças”, disse.
De acordo com o executivo, o preço para o consumidor final vai variar conforme os praticados pelas granjas, frigoríficos e mercados em geral. Os repasses de custos também serão feitos para a exportação.
“À medida que os estoques do milho e farelo de soja, comprados por um preço menor ano passado, acabarem, os criadores de frangos e suínos, granjas e empresas, terão de adquirir os grãos no preço atual, bem mais caro, e aí farão o repasse dos custos”, disse.
Segundo o Cepea, em 2 de julho a caixa com 30 dúzias de ovos brancos custava R$ 116,40 e a caixa de ovos vermelhos, R$ 128,37 (vermelho) em Bastos (SP), cidade em que o levantamento é feito.
Nesta sexta-feira (9), o frango resfriado negociado no atacado custava R$ 7,46/kg, na Grande São Paulo e nos municípios paulistas de São José do Rio Preto e Descalvado.
Também nesta sexta, o quilo do suíno vivo chegou a R$ 6,43 em São Paulo e a R$ 9,24 a carcaça.
No Paraná, o Cepea registrou o menor preço do suíno vivo: R$ 5,55. A estimativa é que os preços desses produtos aumentem em 50%, segundo a ABPA.
Até a engorda do boi atrasou
Outro problema causado pela estiagem no estado é com relação à terminação de bovinos criados a pasto – a terminação é a última fase de engorda do gado até o abate.
“Por conta da estiagem, a terminação não teve como ser feita no prazo, até maio, e atrasou tudo. Manter boi em confinamento ou semiconfinamento ficou muito caro por conta dos preços do milho e farelo de soja”, afirmou Coelho, do Sindicato Rural de Mato Grosso do Sul.
Além do aumento no custo da ração, outro fato que encarece o preço das proteínas é a alta na energia elétrica. Os custos de energia vão mexer com as contas de toda a cadeia do agronegócio, do produtor rural até o varejo.
Desde o início do mês está valendo o novo reajuste da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre a bandeira vermelha nível 2, que passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 por kWh (quilowatt-hora).
A medida vai até dezembro deste ano e foi aplicada por conta da seca e do risco energético no país. Embora o aumento do custo de energia atinja toda a cadeia, o impacto no custo de produção das proteínas é de menos de 1%.
A solução para o problema poderia ser aumentar a irrigação. Para o Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), Fernando Camargo, “o estado do Mato Grosso do Sul poderia aproveitar mais o potencial de irrigação para evitar problemas com a estiagem”.
Atualmente o estado irriga 265 mil hectares, mas poderia irrigar 4,7 milhões de hectares, segundo Camargo. No Brasil, de acordo com a ANA (Agência Nacional de Águas), a irrigação é utilizada em 8,2 milhões de hectares – entre 3% e 4% da área plantada no país.
China compra mais carne do Brasil
O superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Allan Silveira dos Santos, disse que o cenário externo, sobretudo a demanda da China, também contribuem para essa elevação de preços da soja e do milho. Reprodução A China, de acordo com o Mapa, foi o principal país responsável pelo aumento das exportações de carne bovina e suína do Brasil.
As aquisições chinesas de carne bovina in natura do Brasil foram de US$ 324,92 milhões (alta de 30,9%), equivalentes a 52,6% do valor total exportado para o mundo. Os dados são de março deste ano.
No caso da carne suína in natura, o país asiático aumentou as compras em 61,2% em março, na comparação com março de 2020. Com esse incremento, as exportações chinesas atingiram US$ 148,38 milhões ou 60,7% do valor total enviado para fora pelo Brasil.
As vendas externas de frango registraram aumento de 8,1% no valor exportado, passando de US$ 545 milhões em março de 2020 para US$ 589 milhões.
O volume subiu 11,8%, enquanto o preço médio caiu 3,3%.
A China também foi o principal destino do frango brasileiro, com US$ 102 milhões, seguida de Arábia Saudita, US$ 71 milhões, e Japão, US$ 66 milhões.
Por: UOL