Diante do risco de falta de produtos, advogado orienta agricultores para não serem prejudicados por empresas compradoras do grão.
O produtor de milho de Mato Grosso vai precisar vencer muitos desafios nesta safra. Driblar a escassez de insumos, o encarecimento dos custos e tentar garantir nutrientes no solo para produzir quase 40 milhões de toneladas de milho – em mais de 6 milhões de hectares do cereal na segunda safra – são alguns deles.
O agricultor Robson Weber já garantiu o insumo que vai usar no cultivo do milho segunda safra na fazenda em Paranatinga, sudeste de Mato Grosso. Para tentar reduzir os custos, aposta na compra antecipada dos produtos. Mas o cenário deste ano frustrou as expectativas do agricultor que teve que gastar mais, principalmente com fertilizantes.
“Mais que dobrou o custo safrinha 2021 para 2022 e o preço do milho não tem acompanhado essa alta, isso gera uma preocupação”, diz Weber.
A retirada dos produtos, programada para fevereiro, também deixa o agricultor apreensivo.
“Temos um prazo meio apertado porque começa a colheita e inicia o plantio. Tivemos problemas para o plantio da soja por causa das entregas e a gente espera que isso não aconteça para o milho safrinha, tendo uma janela boa de plantio e talvez muitos produtores não tendo os fertilizantes na hora adequada, se a empresa realmente vai chegar no começo de fevereiro e vai liberar esse fertilizante para retirar lá na indústria”, relata.
Diante do risco de atrasos e dos impactos que isso pode causar no desempenho da safra, o advogado do sindicato rural de Sorriso (MT), Rafael Krzyzanski, orienta como os produtores devem agir caso não recebam os insumos na data prevista.
“O produtor deve registrar provas, guardar documentos, pois lá na frente ele pode ser o responsabilizado, como já aconteceu, onde empresas compradoras cobram multas abusivas, quando perdas e danos não foram comprovados. O produtor deve buscar informação para que não fique descoberto em mais essa operação. Nós não podemos assumir um risco que é o risco do fornecedor, se ele prometeu entregar ele tem que cumprir, ou então indenize o produtor na forma e nas condições que o produtor demonstrar que serão necessárias”, afirma.
Para quem ainda não comprou os insumos para a safra de milho, especialmente os fertilizantes, o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore alerta: em época de custos recordes, cautela é a palavra de ordem.
“A orientação da nossa entidade é muito clara. Não tenha pressa para pagar caro. O principal insumo da agricultura é a viabilidade. Em solos de médias e altas fertilidades é possível reduzir o uso de fertilizantes, e em alguns casos até zerar sem perdas de produção.”, declara.
Mato Grosso deve cultivar mais de 6 milhões e 200 mil hectares de milho nesta safra. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) a produção estimada para o estado chega a 39,6 milhões de toneladas.
Fonte: Canal Rural