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quinta-feira, 16, janeiro, 2025

Reportagem revela valores astronômicos que Virgínia, Carlinhos Maia, Neymar e outros famosos recebem para divulgar jogos online

Uma matéria publicada pela revista Piauí no último sábado (3) trouxe à tona os altíssimos cachês pagos por plataformas de apostas online a influenciadores e celebridades brasileiras. Intitulada “Como os influenciadores ganharam fortunas e ajudaram as bets a produzir a pandemia do vício”, a reportagem de João Batista Jr. e Alessandra Medina revelou que os valores podem alcançar até R$ 100 milhões, alimentando um mercado que tem causado preocupação com seus impactos sociais.

Entre os nomes citados estão Virgínia Fonseca, Carlinhos Maia, Gkay, Neymar, Maya Massafera, Felipe Neto e Cauã Reymond. As apostas online, frequentemente associadas a esquemas de “renda extra”, são promovidas em plataformas como Esportes da Sorte, Blaze e Betano, muitas delas sediadas em paraísos fiscais como Curaçao.

Cachês milionários e contratos polêmicos

Virgínia Fonseca, com cerca de 52 milhões de seguidores no Instagram, firmou um contrato com a Esportes da Sorte em dezembro de 2022, recebendo um adiantamento de R$ 50 milhões. O modelo de remuneração, chamado pela revista de “cachê da desgraça alheia”, garante à influenciadora 30% das perdas dos usuários que entram na plataforma por meio de seus links. Apenas um story publicado por Virgínia em janeiro de 2023 atraiu 120 mil novos apostadores. Posteriormente, ela assinou com a Blaze, por um contrato de R$ 29 milhões anuais. Ambas as plataformas não comentaram o caso, e Virgínia alegou confidencialidade contratual.

Carlinhos Maia, outro nome de peso no mercado das bets, recebeu R$ 40 milhões anuais para promover a Blaze. Maya Massafera também firmou contrato com a mesma empresa, com ganhos estimados em R$ 7,8 milhões por ano. Já Neymar, o garoto-propaganda mais famoso das apostas online, assinou um contrato avaliado em R$ 100 milhões, enquanto seu pai teria recebido R$ 4,5 milhões pela intermediação entre a empresa e o Santos Futebol Clube.

Cauã Reymond, por sua vez, fechou em maio de 2024 um contrato de R$ 22 milhões anuais com a BateuBet. Apesar de não comentar o acordo, o ator citou que outros nomes de peso, como Galvão Bueno e Vinícius Júnior, também atuam como embaixadores de casas de apostas.

Felipe Neto admitiu ter aceitado divulgar uma plataforma após recusar várias ofertas. Embora os valores exatos não tenham sido revelados, ele relatou que sua decisão foi motivada pela normalização do mercado entre influenciadores. Contudo, após perceber os impactos negativos do vício em apostas, ele cancelou o contrato após dez meses, confessando arrependimento.

Críticas e escândalos

A reportagem também destacou os riscos e as consequências negativas desse mercado. Gkay, que inicialmente havia assinado um contrato de R$ 1,4 milhão mensais com a Esportes da Sorte, rompeu o acordo devido à repercussão negativa. Já David Brazil, segundo a matéria, vendeu o próprio perfil em redes sociais para plataformas de apostas, recebendo R$ 200 mil mensais.

Outros artistas, como Ivete Sangalo e Taís Araújo, recusaram propostas milionárias. Uma agente de artistas, que não teve o nome divulgado, comentou: “Os tigrinhos da vida pagam muito porque compram, na verdade, a credibilidade de alguém, para depois queimar o filme da pessoa de forma irreversível.”

A Blaze, uma das plataformas investigadas por suspeita de estelionato, não respondeu à reportagem. A empresa foi acusada por usuários de não pagar prêmios de valores altos.

Impactos sociais e vícios

Especialistas alertam que as apostas online geram impactos profundos na saúde mental e no endividamento da população, especialmente nas classes C e D. O psiquiatra Rodrigo Machado, do Instituto de Psiquiatria da USP, destacou que a associação entre futebol e apostas potencializa o vício, enquanto as redes sociais ampliam o alcance dessas plataformas.

A corretora Thatiara Fonseca revelou à Piauí ter perdido R$ 1,8 milhão ao longo de três anos apostando na Betano. Ela move um processo contra a empresa e outras 44 intermediadoras de pagamentos. “Eu sonhava com o barulho e as cores do joguinho. Nunca tinha tido um vício na vida. Não reconheci o que estava acontecendo comigo”, desabafou.

Regulamentação e desafios

A legalização das apostas esportivas no Brasil ocorreu no final de 2018, durante o governo Michel Temer, mas a regulamentação só foi efetivada em dezembro de 2023, no governo Lula, com a publicação da chamada Lei das Bets. A norma proíbe o uso de crédito para apostas, determina o pagamento de prêmios em até 120 minutos e exige que as empresas obtenham autorização para operar no país.

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No entanto, especialistas criticam a ausência de estudos sobre os impactos sociais da regulamentação. A dependência de jogos online tem gerado uma “pandemia de vícios”, com casos cada vez mais frequentes de endividamento e ruína financeira.

Nortão MT com Revista Piauí

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