A safra de milho está a todo vapor, em todo o estado. Poucas áreas ainda estão para serem colhidas. No entanto, um problema tem tirado o sono dos agricultores: a falta de armazéns para guardar o produto. E isso pode impactar as safras de soja e milho, ao longo do caminho.
Em princípio, havia tudo para ser uma safra recorde e com processos perfeitos. A soja foi plantada na janela ideal e colhida no tempo certo. No entanto, as questões comerciais atrapalharam as vendas e o escoamento.
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O valor dos insumos agrícolas fez com que os produtores rurais fossem mais cautelosos na comercialização e esperassem a valorização do grão, para que, equiparado ao preço dos fertilizantes, pudesse ser vendido, para assim, compensar os custos da lavoura.
Isso acarretou que, no auge da colheita do milho, os armazéns ainda estejam abastecidos com a soja. Outro agravante é que anteriormente, a soja vendida era rapidamente retirada dos galpões. Porém, este ano, as tradings estão “parcelando” a compra da oleaginosa, e retirando o produto aos poucos.
Na região médio-norte de Mato Grosso, houve uma peculiaridade, surgiu uma anomalia nos grãos e isso fez com que a qualidade do produto caísse, consequentemente, as vendas também reduziram.
Tudo isso, resultou na falta de espaço para armazenagem do milho.
Déficit de armazéns
Estruturalmente o Brasil tem déficit de armazéns e isso não ocorre apenas em Mato Grosso. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a atual capacidade estática do país é de 177,43 milhões de toneladas frente a uma produção de 272,5 milhões de toneladas.
Se analisarmos apenas o Mato Grosso, a produção total de grãos no estado chega a 85,82 milhões de toneladas. Já a capacidade de armazenamento é de 39,24 milhões de toneladas. Diante deste cenário, a capacidade de armazenamento do estado mato-grossense, considerando tudo que é produzido, é de 46%.
Ainda segundo a Conab, quando se fala em déficit de armazenagem não se pode apenas subtrair a produção e a capacidade estática, até porque a colheita brasileira não ocorre toda ao mesmo tempo. Esse déficit é mais bem observado no momento da colheita.
Em Mato Grosso, por exemplo, nos meses de março e agosto, essa situação fica mais evidente. Enquanto março é o mês marcado pela rápida colheita dos produtos de primeira safra, agosto é quando ocorre o pico da colheita dos produtos da segunda safra.
Na segunda safra pode ocorrer de parte do produto da primeira safra ainda não ter sido comercializado. A alternativa apontada pela Companhia para solucionar essa equação é a possibilidade de se investir em armazéns privados, principalmente em nível de fazenda, uma vez que aumentaria a rentabilidade do produtor, pensando no médio longo prazo.
De acordo com o Imea (Instituto de Economia Agropecuária), com lentidão nas vendas, volume comercializado de milho para a safra 21/22 em Mato Grosso atingiu 63,57% da produção estimada.
O lado do produtor
O déficit de armazém é um problema antigo, segundo a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso) e aumentar o número de armazéns se tornou uma bandeira da instituição, tanto que em junho deste ano foi lançada a campanha “Armazém para Todos“, com objetivo de incentivar a construção de silos para que o agricultor de pequeno e médio porte tenha onde guardar os grãos.
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