A cidade de Bonito (MS) é conhecida pelo apelo turístico de seus rios, cujas águas são cristalinas, e esportes de aventura. Mas, recentemente, outra de suas qualidades colocou o município em destaque nas redes sociais: os animais surpreendentes.
Em um vídeo publicado pelo ambientalista Vilmar Teixeira em seu perfil no Instagram, uma sucuri de aproximadamente seis metros encara a câmera às margens do rio Formoso.
Também conhecidas como “anacondas” ou “boiunas”, as sucuris são serpentes semiaquáticas que vivem na América do Sul. Por serem ectotérmicas – ou seja, regulam a temperatura corporal por meio do ambiente –, elas saem das águas do rio para se aquecerem nas margens, onde é mais quente.
Assim, durante os meses de inverno, é comum avistá-las fora da água, tomando um sol. Foi esse cenário que promoveu o encontro entre Vilmar e a sucuri enorme no dia 29 de junho.
Encontro com a “Vovózona”, a sucuri gigante
Na ocasião, Vilmar partiu em busca das sucuris junto a um colega youtuber, objetivando fazer alguns registros em vídeo.
“Como tenho um conhecimento do local onde ela reside, ele me procurou para irmos fazer essas imagens. Eu tive uma sorte grande e avistei essa gigante, que conheço de anos atrás”, conta sobre a cobra que, segundo ele, tem por volta de seis metros de comprimento.
“Eu cheguei a brilhar o olho em avistar um animal desse porte em perfeito estado. Fico maravilhado, porque vejo esses bichos com frequência, então para mim é comum. Mas o youtuber que me acompanhava na gravação foi tentar filmar e começou a tremer – não sei se era emoção ou medo”, continua.
Mas se engana quem pensa que ele não sente medo. Afinal, segundo Vilmar, é o medo que o deixa vivo.
“É preciso ter medo e respeito com o animal. Por isso, eu sempre mantenho uma certa distância, já que não sei o seu instinto e nem sei qual será a sua reação”, diz o ambientalista.
A sucuri gigante e estrela do vídeo é a “Vovózona”, apelido que ganhou do ambientalista, e é apenas uma das cobras que ele conhece por nome: há também a “Mãezona”, a “Tiazona” e a “Filhona”, apelidos criados em conjunto aos seus seguidores.
“Eu reconheço a ‘Vovózona’ pelo tamanho e cor, porque ela já está ficando velha e as sucuris, quando envelhecem, vão perdendo o verde e ficando mais cinzas”, explica. O tom esverdeado, inclusive, é o que dá o nome à sucuri-verde (Eunectes murinus), espécie comum em áreas úmidas, o que facilita a ocorrência em Bonito.
Já a “Mãezona”, que ele também avistou no dia 29, tem uma cicatriz aparente na cauda que o permite reconhecê-la. Os machos, por sua vez, são menores devido ao dimorfismo sexual da espécie, e apresentam um formato de cabeça diferente das fêmeas.
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Vilmar conta também que, em todos os onze anos de trabalho acompanhando, avistando e registrando as sucuris, nunca houve um ataque por parte do bicho. A reação mais comum é que as serpentes sintam a presença do ser humano e fujam.
Apesar da sua experiência particular, o ideal, frente ao encontro com uma sucuri, é manter a distância e não realizar movimentos bruscos. Os seres humanos não estão em sua lista de caça regular, mas não se pode menosprezar o potencial destrutivo do encontro.
Afinal de contas, anacondas predam animais como aves aquáticas, capivaras, jacarés e mesmo outros indivíduos da mesma espécie. Sem veneno, essas serpentes se utilizam da força como principal artifício para caçar.
Para somar ao conjunto de qualidades surpreendentes, segundo o Instituto Butantan, as sucuris são as maiores serpentes do mundo em termos de massa. Além disso, elas disputam o recorde de serpente mais longa do planeta com a também gigante píton-malaia (Malayopython reticulatus).
A maior anaconda registrada, segundo o Instituto, tinha pouco mais de sete metros de comprimento, e há relatos de indivíduos da espécie ainda maiores.
Preservação das sucuris
Os vídeos das sucuris registrados por Vilmar, que já somam 766 em seu canal do YouTube, objetivam criar uma maior consciência sobre a preservação ambiental.
“Eu quero que os meus filhos e netos possam ver esses animais silvestres em sua natureza ainda em perfeito estado. Se preservarmos o meio ambiente, conseguimos avistar os bichos e manter esse equilíbrio ambiental entre o ser humano e a natureza”, diz.
“A mídia e o cinema criaram um mito ao redor da anaconda, o que traz muito medo às pessoas. Mas há muita mentira sobre ela, e eu quero fazê-las conhecer a cobra e o que ela faz na natureza”, completa o ambientalista, que conta com quase 50 mil inscritos em seu canal.